(Torrinho, Thiago de Mello e Aníbal Beça)
Sou cunhã, sou cunhantã
Filha da selva encantada
Sou feliz, sou Jaçanã
Pelo verde consagrada
E a pluma do uirapuru
Me destina a ser amada
Meu corpo de moça nova
Cunhantã quase cunhã
Tem as curvas do meu rio
O mureru mais macio
E o barro das ribanceiras
Banzeiro de água no cio
Sou companheira do vento
Cativo embalando sonhos
Me faça redemoinho
Na rede atada me ponho
Em palmas verdes cantando
Verdes cabelos danando
Sou cunha, sou cunhantã
Inajá roxo açaí
Sou bacaba, tucumã
Sou pupunha buriti
Meu manã maniva brota
Macacheira mandioca
De manhãzinha na roça
Amasso a massa seu meu mano
Pão chibé nossa farinha
Afasta a fome e seu flanco
De tardinha planto flor
Tomo meu banho de cheiro
Mais só tem minha carícia
Quem acha o verde que vive
Nessa cuia abençoada
Nesse peito cunhantã
Meu segredo e meu poder
Sagrado muiraquintã