(Laura Finocchiaro e Tom Zé)
Ela, a coisa medonha
Vive se orgulhando do que me envergonha
Ela, sendo meu avesso
Usa do meu corpo como endereço
E presa de fraqueza, minha vontade ainda duela com ela,
Ela este meu oposto, que a contragosto tanto me fascina
Ouso, mesmo receoso, procurar seu rosto e louco
Sem conselho
Fico nesse meu disfarce
Pois é sua face que vejo no espelho
Já nem sei quem mesmo seja
A face que eu disfarço minha alma confusa
Usa e desata a hemorragia de prazeres
Que eu mesmo proibia
E me diz quando eu corro à porta da rua:
"O corpo veste a teu gosto
mas uma alma pura até pode andar nua"
Medonha, corro à porta da rua e ela grita:
"Suja! Aqui a casa é sua"
Ela, a coisa medonha
Vive se orgulhando do que me envergonha
Ela, sendo meu avesso, usa do meu corpo como endereço
E presa de fraqueza, minha vontade ainda duela com ela,
Ela este meu oposto, que a contragosto tanto me fascina