Estava em Salvador da Bahia e, abrindo o jornal, vejo
Tom Zé no Pelourinho, de graça. O nome me era familiar mas logo descobri
que, se tivesse ouvido sua música antes, não o teria esquecido: Fliperama,
Ogodô, ano 2000 somado a um particular som do coro feminino se misturando aos
não menos originais violões, na apresentação do álbum Hips of Tradition e, depois do
show, vendendo ele mesmo o CD, fez desse artista-ser humano fabuloso uma presença permanente na minha vida a partir desse então.
Membro originário do movimento Tropicalista junto de Gal,
Caetano e Nara, entre outros, natural da cidade de Irará no interior baiano,
desvinculo-se depois do movimento, compondo algumas musicas com OS MUTANTES. Fez pesquisas
musicais de laboratório a partir de sua experiência como aluno do alemão
Hans-Joachim Koellreutter, que trouxe ao Brasil elementos da atonalidade de Schöenberg,
entre outros elementos da música européia de vanguarda.
Auto declarado morto e ressucitado pelas conveniências e intolerâncias do mercado nas
últimas três décadas, trabalhou com Itamar Assumpção, Zé Miguel Wisnik, Ná Ozzetti
e outros artistas dessa geração; instalado em São Paulo, reflutuou "gracias a
David Byrne, cantor dos Talking Heads e produtor, que o descobriu para ele mesmo e para o
mundo e para novas gerações de brasileiros. Byrne colaborou no CD Hips of Tradition,
editou algumas coletâneas do Tom Zé e é diretor do mais recente longa-duração
Com Defeito de Fabricação, onde o Tom mostra as fontes que o levaram a
compor e/ou resgatar os defeitos-músicas. Logo lançou o single Vaia de
Bêbado em homenagem a João Gilberto e ao incidente no Credicard Hall.
O som dele é intransmissível, só ouvindo, e vale a pena!
Darío Gularte |