Freio de Mão

(Ricardo Moreira)

Foi no dia em que eu tentei voar,
a primeira vez em que eu te vi de cara feia.
Abri o gás alucinado com o azul,
você encheu o meu balão com sacos de areia.
Decidi mudar o rumo, fui pro reino de Netuno
desvendar os mistérios da maré cheia
queria dar volta no mundo...
Você mergulhou mais fundo,
fez complô até com as baleias!
Hoje, juro, já não quero mais voar,
ou me aventurar nas águas...
nem carrego tantas mágoas,
totalmente submisso em sua teia.
Já nem arrisco tanto, enjoado de ouvir o pranto
ou fracassos em estórias parecidas, vida alheia
E, ainda me vingo,
brincando com seus cochilos,
acoplando alguns quilos
ao pé que pisa o acelerador.
Pior, eu tiro o seu trem dos trilhos
ensinando nossos filhos a tirar proveito
da potência de qualquer motor...!