O novo

(Reynaldo Bessa)

Vou sair quero seguir andar por outras ruas 
Ver e ouvir falar outras pessoas 
Respirar, sentir além do meu nariz 
Vou partir 
Quero quebrar o velho vaso mais caro 
Andar caminho errado 
Viver ao contrário 
Fazer terror dos contos infantis 
O povo sempre espera o novo 
Mas se previne contra ele 
Quero rasgar o grande velho manto sagrado 
Que agrega esses homens encantados 
Com coisas que já não me encantam mais 
Quero seguir contra todas essas tortas setas 
Que pensam que me indicam onde estão as metas 
Essas tolas metas não me servem mais 
O povo sempre espera o novo 
Mas se previne contra ele. 
Baudelaire, Zola, Rimbaud, Flaubert 
E tudo mais que te assusta 
Degusto, eu gosto e você acha uma bosta 
E diz: Dançar cansa menos que pensar 
Quero curtir um curta e encurtar nossa conversa 
Não ando no seu passo é lento e tenho pressa 
És surdo, mudo e não consegues enxergar 
O povo sempre espera o novo 
Mas se previne contra ele.