(Renato Motha e Patrícia Lobato sobre poema de Fernando Pessoa)
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Ah, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço
Vão passar um vôo de ave
E me entristeço!
Por que é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Por que não vai sob o céu aberto
Sem um desvio?
Por que ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia
Um desejo, não ser ave
Mas se poder
Ter não quê do vôo suave
Dentre em meu ser