(Chico Buarque)
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante, roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente até não poder resistir
Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira pra lá
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A roda da saia, a mulata, no quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata, a roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa, viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda viva e carrega a viola pra lá
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O samba, a viola, a roseira, um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade pra lá
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