Céu de antenas

(Klébi Nori)
 
Ainda bem que tenho boas pernas
e coração pronto, firme pra sair por essas ruelas
dançar, refazer e responder por mim
e escrever poesia a mão e a lápis
e você ainda mal sabe para o que eu vim

Ainda bem que eu mordo e falo a verdade
e bato na tecla que faz minha voz se repetir satisfeita
e que porre essa sua fraqueza
que lado sem graça, que saco, que feio,
que coisa triste e mal feita

Eu não achei justo
e tenho uma versão mais nova
para nossa história,
e mais, sem nenhum custo
boazinha como sou
eu conto tudo que pensei agora
e nem preciso lhe dizer
que eu me mantenho viva sem você

Ainda bem que é cada vez mais lúcida
a idéia de não nos homenagearmos e o sol cola o dia
em minha persiana, nem de longe
voltarmos aos mesmos assuntos, afinal
eu sou uma mulher ou uma ratazana?

Ainda bem que eu tenho de duas em duas horas fome
e outros habituais desejos acabou o nosso tempo apenas
isso é o que a minha cidade então
orgulhosamente nos revela
não sou mais sua embaixo desse céu de antenas