Quemelém

(Carlos Gomes)

Amanheceu assim
Com o céu todo cinza
Presságio ruim
Num coro sincopado: clarim
Passarim nuncio
Lá pra's banda do rio já envém
Borzeguim de meganha
Amassando capim

Cumpade quemelém
Se assismô que nas brenha
Tem bicho, algum
Pelo sim pelo não lá vai bum
Ao despois que pergunta
Se o cabra tava de boa fé
Não devia de tá
Se esgueirando no mato

Pra jagunço: milícia
Morte certa: sem fim
Pega, mata, castra
E faz dos cocos colar
Pra's veredas: guimarães
Coração: diadorim
Vinga, esfola e marca
A pele a ferro e fogo

E foi vigiando as veredas
No sol de manhã
Um valente sonhando a morena
A paixão
Nos olhos da menina tem desejo imã
Distraiu-se, então, da sentinela
Olha os tiros, armadilha
Olhos os corpos no chão

Com a peixeira na mão
Um caboclo arretado
Cerceia o lugar
Pelo mato é cobra coral
É camaleão
Já é, foi um mais um
Lá vão três pro diabo
E o perigo foi-se embora de vez

Pra jagunço...