(Carlos Gomes)
se a palavra não condiz
com o que nos mostra um gesto
como mentir quando desponta
no canto do nosso olhar
uma nascente cristalina
a fina flor de um sentimento
se uma imagem por si só
mostra a essência de um momento
o que escrever desta poesia
que inunda o canto de um olhar
senhora das contradições
na tristeza, noite ou dia, na alegria
uma lágrima
mais doce, às vezes, que o mel
é como presentear com o céu
a quem vive um amor
lágrima
(na cara, na hora, lágrima é vida)
(que lava e sara qualquer ferida)
encara e põe fora o que quer que nos agrida
faz alva a nossa aura e a sonhar nos convida
clara, escora e fortalece para a lida
salva, inspira e valoriza a despedida
se o silêncio às vezes diz
o que o som não ousaria
o que dizer desta magia
que põe no canto de um olhar
o sinal que fomos vencidos
pelo enredo, pelo fim da fantasia
uma lágrima
revela, às vezes, qual a cor
de dois que se tornaram um...
há! como foi bonito
ver correr as lágrimas
de nosso Grande Otelo
sobre o piano de Benito