Geraldo Pedrosa de Araújo Dias nasceu em Pessoa PB em 12 de Setembro de
1935. Apresentou-se num programa de calouros na Rádio Tabajara de João Pessoa quando
tinha 14 anos. Em Nazaré da Mata, onde cursava o ginásio em internato, participou de
alguns shows organizados para as missões. Foi para o Rio de Janeiro RJ em 1951, e
nesse mesmo ano se apresentou no programa de calouros de César de Alencar, no qual foi
desclassificado. Aproximou-se então de Ed Lincoln, que nessa época tocava com Luís
Eça, na boate do Hotel Plaza, tentando cantar nos intervalos das apresentações. Em
1955, com o pseudônimo de Carlos Dias, defendeu a canção Menina (Carlos Lyra)
num concurso musical promovido pela TV-Rio. Mais tarde, o encontro com o folclorista
Valdemar Henrique abriu-lhe a oportunidade de se apresentar no programa da Rádio Roquete
Pinto, usando o nome Vandré, que resultou da abreviatura do nome do pai, José
Vandregisilo. Cursou a Faculdade de Direito, do Rio de Janeiro, época em que participou
do Centro Popular de Cultura, da extinta União Nacional dos Estudantes, onde conheceu seu
primeiro parceiro, Carlos Lyra. Passou então a interessar-se mais pela composição,
abandonando a idéia de tornar-se cantor. Fez a letra da música de Carlos Lyra
Quem quiser encontrar o amor, gravada por ele em abril de 1961 em 78 rpm, na
RGE, e em 1962 por Carlos Lyra no LP O sambalanço de Carlos Lyra, pela Philips.
Esta música seria incluída no episódio "Couro de gato" do filme Cinco
vezes favela, trabalho produzido pelo Centro Popular de Cultura. Em 1962 apresentou-se
no Juão Sebastião Bar, em São Paulo SP, iniciando trabalhos com Luís Roberto, Baden
Powell e Vera Brasil. Nesse mesmo ano gravou com Ana Lúcia o Samba em prelúdio
(Baden Powell e Vinícius de Moraes), pela Áudio Fidelity, com grande sucesso, e compôs
com Carlos Lyra o samba Aruanda. Em dezembro de 1964, gravou na Áudio Fidelity seu
primeiro LP, apresentando a toada Fica mal com Deus, além de
Menino das laranjas (Téo de Barros). Em 1965 defendeu Sonho de um Carnaval
(Chico Buarque) no I FMPB, da TV Excelsior de São Paulo. No mesmo festival, inscrevera
sua composição Hora de lutar, que não se classificou. Essa música foi gravada,
no mesmo ano, num LP homônimo. Nesse período, musicou o filme de Roberto Santos A
hora e a vez de Augusto Matraga. No ano seguinte lançou pela Som Maior o LP Cinco
anos de canção, que incluía Pequeno concerto que virou canção, Canção
nordestina e Rosa flor (com Baden Powell). Venceu em São Paulo o FNMP, da TV
Excelsior, com a música Porta-estandarte (com Fernando Lona), defendida por Tuca e
Airto Moreira, assinando depois contrato com a Rhodia para excursionar pelo Nordeste com o
Trio Novo, formado por Téo (violão), Airto Moreira (viola caipira) e Heraldo
(percussão). Nesse mesmo ano de 1966 venceu ainda o II FMPB, da TV Record, de São Paulo,
com Disparada (com Téo de Barros), na interpretação de Jair Rodrigues, do Trio
Novo e do Trio Maraia, empatando com A banda (Chico Buarque). Obteve ainda o
segundo lugar no I FIC, da TV-Rio, do Rio de Janeiro, com O cavaleiro, parceria com
Tuca, que também foi interprete. Em 1967 a TV Record, de São Paulo, concedeu-lhe um
programa próprio, Disparada, com direção de Roberto Santos. Inscreveu Ventania
(com Hilton Accioly) no III FMPB, que foi desclassificada, e De serra, de terra e de
mar (com Téo de Barros e Hermeto Pascoal), no II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro,
que também não obteve classificação. Nesse ano conseguiu sucesso com Arueira e
com o frevo João e Maria (com Hilton Accioly). No mesmo período compôs, a
convite dos padres dominicanos de São Paulo, a Paixão segundo Cristino, alegoria
da crucificação de Cristo num contexto nordestino; participou do programa Canto Geral,
depois Canto Permitido, da TV Bandeirantes, de São Paulo. Em 1968 gravou o LP Canto
geral pela Odeon, com Maria Rita, O plantador (com Hilton Accioly) e músicas
suas desclassificadas em festivais. Participou ainda do IV FMPB, com Bonita (com
Hilton Accioly). A música foi apresentada duas vezes, pois se desentendera com o
parceiro, rompendo com o Trio Maraia. Nas eliminatórias para o III FIC, em São Paulo,
causou impacto com a apresentação de Pra não dizer que não falei de flores, ou
Caminhando; defendeu-a no festival com o Quarteto Livre, integrado por Naná
(tumbadora), Franklin (flauta), Nelson Ângelo (violão) e Geraldo Azevedo (violão e
viola), tendo-se classificado em segundo lugar. A música teve grande êxito, tornando-se
uma espécie de hino estudantil, mas teve seu curso interrompido pela censura. Esteve no
exílio, inicialmente no Chile (1968), onde compôs a música Desacordonar, com que
venceu um concurso, enquanto Caminhando se tornava sucesso.
Obrigado a deixar o pais, pois se apresentara em televisão como profissional sem a
devida licença, seguiu para a Argélia, onde assistiu ao Festival Pan-Africano, viajando
depois para a então Republica Federal da Alemanha, ocasião em que gravou alguns
programas para a televisão da Baviera. Esteve na Grécia, Áustria, Bulgária, cantando
em povoados do interior. Na Itália, Sérgio Endrigo regravou músicas suas. Em Paris,
França, remontou com um grupo de artistas brasileiros a Paixão segundo Cristino,
na igreja de Saint-Germain des Pres, na Páscoa de 1970. Trabalhou com um novo tipo de
composição, montada apenas com assobios e sons de violão, com forte ritmo nordestino.
Gravou o LP Das terras de Benvirá, lançado no Brasil pela Philips em 1973, com
Na terra como no céu, Canção primeira e De América. Ainda em 1973
gravou apresentações para o programa de Flávio Cavalcanti e para o Fantástico, da TV
Globo, mas foram censuradas. Em 1982, em Presidente Stroessner, Paraguai, apresentou-se em
um show, rompendo silêncio de 14 anos. Em março de 1995 apresentou-se no Memorial da
América Latina, em São Paulo, no concerto realizado pelo IV Comando Regional (CONAR), em
comemoração a Semana da Asa. Na ocasião, um coral de cadetes lançou sua música
Fabiana, uma homenagem a FAB.
Em 1997 o Quinteto Violado lançou o CD Quinteto Violado canta Vandré (selo
Atração), incluindo antigos sucessos e apenas uma música inédita: Republica
brasileira. Ainda em 1997, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho regravaram
Disparada e Canção da despedida no CD Grande encontro 2.
Biografia:
Enciclopédia
da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha
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