(Fernando Salem)
Eu escutei no rádio de manhã
Que um índio teve no Maracanã
Eu li de madrugada no jornal
Que tão fazendo clone de animal
Eu vi num site à noite uma mulher
Que transplantou um rim de jacaré
Tava na Hebe uma drag queen
Dançando samba ao som do tamborim
Uma mulher salvando o filho roubando remédio
Um presidente cometendo assédio
Eu vi um bispo na televisão
Chutando a santa de outra religião
Eu não agüento mais tanta informação
Eu quero ser um monge no Japão
Na sala de espera do dentista
Há três semanas a mesma revista
A loira deslumbrante lá da capa
Bebeu gritou cantou saiu no tapa
Ouvi no rádio à noite no meu carro
Um programa bem bizarro
No telefone uma mulher dizia
Ao locutor a sua fantasia
Eu recebi um faz muito sério
Vendendo lote de um cemitério
Na minha secretária eletrônica
Tinha o barulho de uma bomba atômica
Eu não agüento mais tanta informação
Eu quero ser um monge no Japão
Um japa brazuca
Que toca e cutuca
Em Tókio o seu violão
Um japa que saca
Que o Osaka e São Paulo
São dois lados
Do mesmo sertão
Nos Arcos da Lapa
De lupa olhando
Um templo de um Buda local
Pinga ou saquê pingue-pongue ou sinuca
E a cuca transcendental
Eu não agüento mais tanta informação
Eu quero ser um monge no Japão