Homenagem a um menestrel

(Elomar)

Batido pelos desenganos
no final dos anos volto pra ti ver
de capa e espada herói capitulado
faltoso confesso erros e pecados
que a cerviz de ferro louco dos cometi
na mocidade o perpassar dos dias
a mim foi leve e sem agravar ninguém
pautei minha vida em segmentos breves
na aura perdida da distante infância
que mais nada deve além da vida
e a salvação da alma a Deus
e nada a ninguém mais
perdido andei na noite longa
com porcos pastei bem distante do lar
mil febres me queimaram o peito
te via em sonho a delirar
chegavas como o abrir das flores
silenciosa no jardim
do oitão daquela casa antiga
minh'alma oh amiga
há não canta mais!
São longos dias e bem grande é o tempo
Oh como lamento o estiolado em vão
fui perdulário em gastar dissoluto
em derradeiro canto estrofou Salomão
mas apesar de erros cometidos
em retidão a vida porfiei
vendi meus dias em instâncias medonhas
meu tempo querido numa terra estranha
pra desconhecidos de malévola sanha
que mal davam o pão do suor que lhes dei
rendido antes as vicissitudes
na velhice choro a infância tão feliz
não juntei prata nem ouro
amar ninguém nunca me quis
minhas trovas pequeno tesouro
legado deixo aos filhos meus
e a mim resta a Esperança ainda
minha Noiva já és benvinda
Ó Morte eu vou pra Deus