(Rafael Altério e Rita Altério)
Até que a última luz se apague,
O sonho mate a vontade
A pressa é de quem ficar
Mesmo que toda esperança embarque
O tempo que me descarte
Nas águas sou cambará
Danço conforme o dobrado
Se for preciso me guardo
Ou como melado pra me lambuzar
Sou das mucamas de ouro
Negro, cafuzo ou crioulo
Sou mameluco ou sarará
Sou mais Brasil do cacau
Dos Pampas, Minas, Pantanal
Índio da tribo do Rio Maia
Terra de versos fogueiras
Me aqueço em quentão de brejeira
Eu sou cirandeiro, trovador do luar
Sou mais Brasil do Nordeste
Do fogo, da sede do agreste
Sou dos repentes de quem cantar
Terra de moça rendeira
Dos filhos de mãe parideira
Eu sou canoeiro, pescador desse mar...
Até que a última luz se apague
O sonho mate a vontade
A pressa é de quem ficar
Mesmo que toda esperança embarque
O tempo que me descarte
Nas águas sou cambará
Sou Treme-Terra Natal
Nos passos de Carlinhos Brown
Um abraço pra que não quiser me escutar
Sou da Festa do Pelouro
Do samba, calango e choro
Dança de roda, meu boi-bumbá
Sou mais Brasil tropical
Sou frevo, baião, carnaval
Eu sou boêmio de Irajá
Terra de Estação Primeira
Do mexe e remexe as cadeiras
Eu sou mestre-sala só pra me ver passar
Sou mais Brasil do Amazonas
Hermeto, violas, sanfonas
Dos curumins e tupinambás
Terra de berços, terreiros
Sua benção meu padroeiro!
Eu sou batuqueiro, rezador do conga
Sou mais Brasil do café
Do luxo, do lixo e da fé
Canto o rosário de orixalá
Terra de um povo que diz
Já é tempo de ser feliz
Esse é o meu lugar
E nessas águas sou navegador
Desse cruzeiro do sul em alto mar
Abri meus braços sou um redentor
Porque esse é o meu lugar