(Sérgio Santos)
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Quando um vento leve varre o chão lá fora
Vejo a tarde ir-se embora e o véu da dor me vem
Finjo que essa dor não arde, rio com desde,
Fantasio, crio estrelas que o céu não tem
Junto os meus pedaços num anel de prata
Como pérolas que um fio ata num colar
Nelas teu semblante ri pra quase eu te tocar
Mas no mesmo instante se dilui no ar
E lá vou eu vou pros braços do mar
Nas ondas que erguem sua fúria brava
Refém sei que sou dos olhares que tens
Me levas quando vens
Se o temor que há no destino sempre cega
Sei que as trevas em que esbarro vão todas em mim
Qualquer chão de barro teu sem direção ou fim
Longe n’algum ponto meu pertence a mim, sou eu
Tenho páginas que em meus versos te escrevo
Todo o medo de ires longe e eu me perder de ti
Delas fiz um livro negro, as letras cor de giz
Onde ainda nenhuma palavra eu fiz
E lá vou eu vou pros braços do mar...