Neblinas e flâmulas

(Guinga e Aldir Blanc)

Vivemos de olhares em todos os lugares
e a gentileza em nós nos faz heróis covardes
dois bichos desejam em jaulas diferentes
num cio infinito atrás de grades
e a possibilidade
de gozo e de floresce sem dar fruto
e o luto sem saída na hora não-vivida
é bem pior pro coração que a despedida.
Entre a neblina ouvimos o som dos nossos sinos
e ansiamos nos tocar: os olhos criam luzes.
Cada encontro os teus olhos barcos pedem ao meu um cais.
Nas noites estreladas com velas desfraldadas
vejo você se aproximar e os olhos brilham:
acendo a minha quilha, enfeito toda a ilha pra esse encontro imorredouro
e no ancoradouro as flâmulas que aceno se cobrem de sereno:
são lágrimas choradas em cada madrugada...
quem viu o amor renunciar ao desafio?
Mas no final da viagem, na hora da abordagem, sinto você se desviar...
Netuno sopra as luzes.
Fim do encontro: os teus olhos barcos gritam adeus no mar dos meus.