A Música Popular Brasileira é uma das grandes estrelas na Internet. Sites destinados à nossa MPB são os mais visitados por brasileiros e estrangeiros, interessados em conhecer e pesquisar o ziriguidum, o balacobaco e o telecoteco que só a nossa música tem. Na busca da história de nossa cultura musical, surgiu, há 4 anos, o MPBNET (www.mpbnet.com.br), um portal produzido em Campinas e que faz um resgate de composições desde o início do século até o rock deste ano 2000.
Criado pela historiadora Ana Carolina Arruda, o site funcionou inicialmente como um projeto para testar a performance da transmissão de arquivos de áudio em uma rede de alta velocidade. "Montamos o site para testar a capacidade da rede de alta velocidade. O projeto acabou, mas a paixão ficou", lembra. Assim, mesmo com o fim dos testes, Ana Carolina decidiu continuar com o portal - e a cada mês são implementadas novidades.
O MPBNET faz uma longa viagem na Música Popular Brasileira e reúne cantores e compositores de todas as épocas. Representando a velha guarda, por exemplo, estão Ary Barroso e Orlando Silva; das noites tropicais, comparecem Carmem Miranda e Dorival Caymmi; da boemia, claro, Nelson Gonçalves e Antonio Maria. Cauby Peixoto e Angêla Maria formam fileira entre os românticos. Dos sambistas, estão lá Noel Rosa e Lupicínio Rodrigues; da Bossa Nova, Tom Jobim, Nara Leão e Vinícius de Moraes; e do rock, Cazuza e Cássia Eller.
O site reúne o trabalho de mais de 120 cantores e compositores. Entre os itens disponíveis para download estão letras, cifras, fotos, biografias e áudios em Real Player. Apesar de não contar com uma ferramenta de busca, encontrar uma música ou artista é bastante simples, já que todos eles estão divididos por categorias. Além disso, há 2 índices - um por região brasileira e outro por estilo. O conteúdo é atualizado mensalmente e tem chamado a atenção de artistas, que começam a hospedar no portal as suas páginas oficiais.
Um dos sites oficiais do MPBNET é o das cantoras\compositoras Luli e Lucina. Com mais de 800 músicas compostas em pareceria, a dupla faz de tudo um pouco: cantoras, compositoras, percurssionistas, violonistas e violeiras. Individualmente, Luli é pintora e escritora, enquanto Lucina é a mais constante parceira de Zélia Duncan. Ela acaba de lançar um álbum solo, chamado "Inteira Pra Mim". Luli e Lucina também escreveram grande parte das músicas que recheiam os discos de Ney Matogrosso, entre elas "Fala", "Bandoleiro", "Coração Aprisionado", "Êta Nóis", "O Vira" e várias outras.
Outros artistas que também gravaram composições da dupla foram As Frenéticas, Nana Caymmi, Tetê e Alzira Espíndolla, Joyce, Rolando Boldrim e Wanderléa. O portal da dupla foi um presente de Ana Carolina Arruda e abriga suas principais músicas cifradas, com letras e versões em Real Áudio. "Para mim, a Internet é um terreno a ser desbravado, é um mundo novo" comenta Luli.
Mesmo sem entender muito bem os caminhos da www, ela acredita no potencial da Internet e aposta numa grande virada vinda das teias da rede. "Estou gravando um disco solo e quero colocá-lo no ar. Acredito que a Internet vai tomar o lugar de mídias como o CD", comenta. Para Luli, o grande diferencial da Internet é a possibilidade que ela proporciona aos artistas de escapar do circuito tradicional das gravadoras e televisão. "A net abre um horizonte contra a tirania da Rede Globo, que é uma máquina de fazer suco brega. Para mim, a Internet representa esperança", afirma.