(Sérgio Sampaio e Sergio Natureza)
O triste nisso tudo é tudo isso
Quer dizer, tirando nada
Só me resta o compromisso
Com os dentes cariados da alegria
Com o desgosto e a agonia
Da manada dos normais.
O triste em tudo isso é isso tudo
A sordidez do conteúdo
Desses dias maquinais
E as máquinas cavando um poço fundo
Entre os braçais, eu mesmo e o mundo
Dos salões coloniais
Colônias de abutres colunáveis
Gaviões bem sociáveis
Vomitando entre os cristais
E as cristas desses galos de brinquedo
Cuja covardia e medo
Dão ao sol um tom lilás
Eu vejo o mofo verde no meu fraque
E as moscas mortas no conhaque
Que eu herdei dos ancestrais
E as hordas de demônios quando eu durmo
Infestando o horror noturno
Dos meus sonhos infernais
Eu sei que quando acordo eu visto a cara
Falsa e infame como a tara
Do mais vil dentre os mortais
E morro quando adentro o gabinete
Onde o sócio o e o alcagüete
Não me deixam nunca em paz
O triste em tudo isso é que eu sei disso
Eu vivo disso e além disso...
Eu quero sempre mais e mais
Voz, violão e percussão: Zeca Baleiro
Violão de 12 cordas, guitarra portuguesa e dobro: Tuco Marcondes
Baixo: Paulo Lepetit
Trompete: Luiz Cláudio Faria