Hermínio Bello de Carvalho

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Ilustração: Sábat

Hermínio Bello de Carvalho nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 28 de Março de 1935. Neto de violeiro e filho de ator, morava no bairro da Glória, quando começou a freqüentar reuniões na casa do musico Burle Marx, onde conheceria Claudete Soares e Helena de Lima. Adolescente, gostava muito de musica clássica, tendo sido presidente do Centro Cívico Carlos Gomes, de sua escola. Aos 14 anos, cantava em coro de igreja e, em 1958, começou sua carreira na Rádio MEC, do Rio de Janeiro, tendo escrito, entre outros, os programas Violão de Ontem e de Hoje, Reminiscências do Rio de Janeiro, Retratos Musicais e Concertos para a Juventude.

Com a inauguração do restaurante Zicartola, em 1964, tornou-se um de seus freqüentadores, ao lado de compositores e sambistas como Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Maurício Tapajós, que se tornaram mais tarde seus parceiros. Na primeira metade da década de 1960 dedicou-se a poesia, lançando vários livros: Chove azul em teus cabelos, Rio de Janeiro, 1961; Ária e percussão, Rio de Janeiro, 1962; Novíssima poesia brasileira, Rio de Janeiro, 1963; e Poemas do amor maldito, Rio de Janeiro, 1964. A partir de 1964, iniciou movimento de integração da música popular e erudita, produzindo concertos mistos, num dos quais apresentou pela primeira vez em publico Clementina de Jesus, acompanhada pelo violonista clássico Turíbio Santos.

No ano seguinte, dirigiu um musical que marcou época, Rosa de ouro, apresentado no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro, que contou com a participação de Clementina de Jesus e Araci Cortes, acompanhadas pelo conjunto Rosa de Ouro, liderado por Paulinho da Viola e Elton Medeiros, que se consagrariam a partir desse show. O musical foi transformado em disco gravado ao vivo – Rosa de ouro, volume I – considerado por unanimidade o melhor do ano. Ainda em 1965 promoveu, com Edu Lobo, no Teatro Jovem, a Feira de Música Popular, reunindo nomes como Nara Leão, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Torquato Neto, realizou palestras sobre Villa-Lobos, em Lisboa, Portugal, Madrid, Espanha, e Paris, França, e compôs com Zé Kéti o samba Cicatriz. Iniciou, também em 1965, sua carreira como produtor de discos, trabalhando no LP Elizeth sobe o morro.

Desde então, produziu a maioria dos LPs de Elizeth Cardoso e, a seguir, promoveu a volta ao disco de Pixinguinha, com os LPs Gente da antiga e Som Pixinguinha, ambos gravados pela Odeon. Foi responsável por outros LPs, como os de Isaura Garcia, Turíbio Santos, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Dalva de Oliveira e Elza Soares, e lançou em disco, com sucesso, diversos compositores, entre os quais Paulinho da Viola, Elton Medeiros, João Nogueira, Eduardo Marques, Candeia, João de Aquino e Vital Lima. Em 1966 escreveu a opera popular João amor e Maria, com música de Maurício Tapajós. Participou do II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, em 1967, obtendo o oitavo lugar com Fala baixinho (com Pixinguinha), e, nesse mesmo ano, compôs com Maurício Tapajós Mudando de conversa, musica gravada por Dóris Monteiro. No ano seguinte, classificou o samba Sei lá, Mangueira (com Paulinho da Viola), defendido por Elza Soares, entre os finalistas do IV FMPB, da TV Record, de São Paulo SP, e ficou em terceiro lugar na I Bienal do Samba, promovido pelo mesmo canal de televisão, com Pressentimento (com Elton Medeiros), interpretado por Marília Medalha. Dirigiu, em 1969, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, um espetáculo com Elizeth Cardoso, Jacó do bandolim e Zimbo Trio, que fez muito sucesso e foi gravado ao vivo e editado em disco pelo Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro.

No ano seguinte, escreveu o roteiro do show É a maior (um ano em cartaz), que enfocava a interprete Marlene nos tempos áureos da Rádio nacional, e dirigiu mais dois shows de Elizeth Cardoso na boate carioca Sucata. Com Fauzi Arap, dirigiu, em 1971, o espetáculo de Marlene Na boca da noite um gosto de sol, apresentado na boate Colt 45, no Rio de Janeiro, e, em 1973, excursionou pela Europa, dirigindo o show Panorama brasileiro, no Teatro Olympia, em Paris, França. Apresentou, em 1974, o show Festa Brasil, estrelado por Simone, João de Aquino e o grupo Viva a Bahia, nos EUA e Canada, e, no mesmo ano, foi o responsável pela direção musical do espetáculo de Marlene Te pego pela palavra, que estreou na boate Number One, no Rio de Janeiro, fez o roteiro para show de Turíbio Santos, apresentado no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro, e lançou ainda o livro de poesias Amor arma branca, Rio de Janeiro, 1974. Ainda em 1974, gravou na Odeon um LP com musicas de sua autoria. Em 1976, na Funarte, implementou o projeto Pixinguinha e, na mesma instituição, criou os projetos Lúcio Rangel (monografias), Almirante (discos), Ayrton Barbosa (partituras) e Radamés (discos). Saiu da Funarte em 1989.

Na comemoração aos seus 60 anos, em 1995, foi homenageado com shows e a exposição Isso é que é viver – Homenagem aos 60 anos de Hermínio Bello de Carvalho, do Museu da Imagem e do Som no Rio, em que autografou seu livro Umas e outros. Ainda em 1995 foram lançados o livro Sessão passatempo pela Relume-Dumara, RJ, em que conta historias sobre personalidades da musica popular e dois CDs Alaíde Costa canta Hermínio Bello de Carvalho, com canções remasterizados do LP de 1982 e composições novas como a inédita O sabiá e o vento (com Vicente Barreto), e a coletânea de sua obra na serie Mestres da MPB, da Warner, em que participam interpretes como Dalva de Oliveira, Maria Bethânia, Elizeth Cardoso e Gal Costa. Em 1997 idealizou o Centro de Memória da Mangueira, para a Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.

Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha

 

 

Escute uma amostra do trabalho:
Doce de coco
(Jacob Bittencourt e Hermínio Bello de Carvalho)
Com Elizeth Cardoso

Atenção: para ouvir a amostra você precisa do RealPlayer (gratuito) instalado em seu computador. Pegue-o na seção de informática do Terra, clicando aqui.


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