Zé Kéti (José Flores de Jesus) nasceu no Rio de Janeiro
RJ em 06 de Outubro de 1921. Neto do flautista e pianista João Dionísio Santana,
companheiro do compositor Índio e de Pixinguinha, e filho de um marinheiro tocador de
cavaquinho, Josué Vale de Jesus, desde criança interessou-se por música. Aos 13 e 14
anos, quando morava no subúrbio de Piedade, foi levado por Geraldo Cunha, compositor do
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira e parceiro de Carlos Cachaça, para assistir a
ensaios daquela escola, seu primeiro contato com a música dos morros. Mais tarde,
mudou-se para o subúrbio de Bento Ribeiro e foi levado para o G.R.E.S. da Portela pelo
compositor, e depois presidente da escola, Armando Santos. Começou a desfilar em sua ala
dos compositores e a compor, sem mostrar suas músicas a ninguém, só o fazendo mais tarde, aos 18 anos, quando já freqüentava as
rodas boêmias do Café Nice, levado por Luís Soberano. Afastou-se dos meios musicais
entre 1940 e 1943, quando serviu como soldado na Policia Militar. Por essa época, compôs
sua primeira marcha carnavalesca, Se o feio doesse. Teve sua primeira
composição gravada, Tio Sam no samba (com Felisberto Martins), pelos Vocalistas
Tropicais, em 1946. No mesmo ano, Ciro Monteiro gravou para o Carnaval, com Raul de Barros
(trombone), Gilberto (ritmo) e Odete Amaral (coro), Vivo bem (com Ari Monteiro). Em
1952, Linda Batista lançou em disco Amor passageiro, sucesso no Carnaval desse
ano. Seu êxito seguinte foi Leviana, lançado como samba de terreiro na Portela e
mais tarde gravado por Jamelão. Antes de 1954, afastou-se da Portela por acusações que
punham em duvida a autoria de suas músicas, transferindo-se então para a União do Vaz
Lobo. Aí lançou A voz do morro, gravada em 1955 por Jorge Goulart, com grande
sucesso. Em 1955, A voz do morro e Leviana foram incluídas no filme Rio,
40 graus, de Nelson Pereira dos Santos. Retornou a Portela e, em 1960, participou das
atividades musicais do restaurante Zicartola, atuando como apresentador dos velhos
compositores, ainda então desconhecidos do público, como Cartola e Nelson Cavaquinho, e
dos novos, como Paulinho da Viola e Elton Medeiros. Em 1961 lançou, na quadra de ensaios
da Portela, o samba Velha guarda da Portela, obtendo sucesso. Nesse ano ainda, o
cantor Germano Matias gravou com êxito o samba Malvadeza Durão. Em 1962, o
compositor, aproveitando o sucesso do samba A voz do morro, idealizou um conjunto
homônimo que começou a ensaiar com a participação de Nelson Cavaquinho, Cartola, Elton
Medeiros e Jair do Cavaquinho. Em 1964, ao lado de Nara Leão e João do Vale, encenou o
show Opinião, em que lançou alguns sambas de sucesso, como Opinião, Acender
as velas e Diz que fui por aí (com Hortênsio Rocha). Por essa época, Nara
Leão gravou em seu primeiro disco solo (Nara) o samba Diz que fui por aí.
Em seu disco Opinião de Nara, ela incluiu duas outras composições suas,
Opinião e Acender as velas. Também em 1964, Germano Matias lançou Nega
Diná e O assalto e, no ano seguinte, o compositor recebeu convite da Musidisc
para gravar seus sambas numa fita a ser entregue aos cantores da gravadora, para escolha
de repertório. Lá compareceu, levando outros sambistas até então desconhecidos, como
Paulinho da Viola, Nescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Oscar
Bigode e Zé Cruz, que fizeram o acompanhamento e apresentaram seus sambas. A gravadora
resolveu lançar então o LP Roda de samba, com o conjunto de sambistas denominado
A Voz do Morro, concretizando antigo plano seu. Esse mesmo conjunto, com Nelson Sargento,
gravou mais dois LPs, um pela Musidisc (1965) e outro pela RGE (1966). O compositor teve
ainda dois sambas, em parceria com Elton Medeiros Mascarada e Samba
original gravados no LP Na madrugada, interpretado por Paulinho da Viola
e Elton Medeiros, lançado pela RGE em 1966. Para o Carnaval de 1967, compôs a
marcha-rancho Mascara negra (com Hildebrando Pereira Matos), embora a primeira
parte tenha sido atribuída ao irmão deste, Deusdedith Pereira Matos. Foi um dos maiores
êxitos de sua carreira. Tem-se apresentado em shows de televisão e em boates. No
cinema, em 1957 teve seus sambas Malvadeza Durão e Foi ela incluídos no
filme Rio, zona norte, de Nelson Pereira dos Santos. Em 1958, sua música A flor
do lodo foi incluída no filme Grande momento, de Roberto Santos. Seus sambas
também seriam incluídos nos filmes Boca de ouro (1962), de Nelson Pereira dos
Santos. A falecida (1965), de Leon Hirszman, e A grande cidade (1966), de
Carlos Diegues. Nas décadas de 1970 e 1980, morou em São Paulo SP. Em 1990, de volta ao
Rio de Janeiro, participou de uma remontagem do show Opinião. Em 30 de dezembro de
1994, durante show de Paulinho da Viola com a Velha Guarda da Portela, no Leme, Rio de
Janeiro, subiu ao palco a convite e cantou varias músicas. Em 1996, aos 75 anos de idade
e mais de 200 músicas compostas, gravou o primeiro CD da série Rio Arte Musical,
produzido por Henrique Cazes, com quatro músicas inéditas e vários antigos sucessos.
Ainda em 1996, em junho, o cantor Zé Renato (ex-Boca Livre) lançou o CD Natural do
Rio de Janeiro, com 14 músicas suas. Em outubro desse mesmo ano, subiu ao palco junto
com a cantora Marisa Monte e a Velha Guarda da Portela (Jair do Cavaquinho, Monarco,
Casquinha e Argemiro) e interpretou com enorme sucesso alguns clássicos do samba, como A
voz do morro e O mundo é um moinho (Cartola),
entre outros. Em 1997 completou 60 anos de carreira e foi homenageado com o show Na Casa
do Noca, na Gávea, Rio de Janeiro. Ainda em 1997, recebeu da Portela um troféu em
reconhecimento por seu trabalho e participou da gravação do disco Casa da Mãe Joana.
A Editora Globo lançou, em 1997, o fascículo com CD Zé Kéti na coleção MPB
Compositores, n.º 32.
Biografia:
Enciclopédia
da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha
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