Marginália II

(Gilberto Gil e Torquato Neto)

Eu, brasileiro, confesso 
Minha culpa, meu pecado 
Meu sonho desesperado 
Meu bem guardado segredo 
Minha aflição

Eu, brasileiro, confesso 
Minha culpa, meu degredo 
Pão seco de cada dia 
Tropical melancolia 
Negra solidão

Aqui é o fim do mundo 
Aqui é o fim do mundo 
Aqui é o fim do mundo

Aqui, o Terceiro Mundo 
Pede a bênção e vai dormir 
Entre cascatas, palmeiras 
Araçás e bananeiras 
Ao canto da juriti

Aqui, meu pânico e glória 
Aqui, meu laço e cadeia 
Conheço bem minha história 
Começa na lua cheia 
E termina antes do fim

Aqui é o fim do mundo 
Aqui é o fim do mundo 
Aqui é o fim do mundo

Minha terra tem palmeiras 
Onde sopra o vento forte 
Da fome, do medo e muito 
Principalmente da morte 
Olelê, lalá

A bomba explode lá fora 
E agora, o que vou temer? 
Oh, yes, nós temos banana 
Até pra dar e vender 
Olelê, lalá

Aqui é o fim do mundo 
Aqui é o fim do mundo 
Aqui é o fim do mundo