(Roberto Riberti e Anísio Barreto)
Ah! se a força do mal rompe e rasga tua mente
E teu peito se envolve de medo e de horror
Se nas voltas da vida te perdes demente
E retalhas teu corpo, sem tino, sem dor.
Ah! Se arrancam teus olhos se partem teus dentes
Perdoas sem nervos, sem mágoa ou rancor
Se rasgam tua língua e o sangue não sentes
Tua mão de poeta responde:
Que és puro e que apenas te escondes, no amor.
Ah! Se o mundo hoje explode faminto e doente
Se os homens se vestem de ódio e furor
Retomas tua pena e bem docemente
Escreves um novo soneto de amor.
Ah! No fundo da vala-comum, inocente
Repousas contente nas mãos uma flor
Aos olhos do homem que luta e não mente
Não passas de apenas mais um
Não passas de apenas mais um
Não passas apenas de mais um, traidor!