(Ricardo Botter Maio)
Castelos Brancos me acompanham
Por uma estrada longa
Atravesso seus jardins
Empoeirados de pianos;
Nobres andarilhos e tapetes multicores
A primavera enlouquecida
Colhe paz nos meus olhos
E adormece na velocidade;
Onde os homens sobre as pontes
Tentam chegar a flutuar
Por um momento fugaz
Castelos Brancos me conduzem
Por milhares de janelas de uma infâmia qualquer;
Onde os campos e as árvores
Têm a cor que a gente quer
Onde não há reis nem rainhas
Que a gente não queira
Castelos Brancos construídos pelas horas e quilômetros
Em seus salões me encontro com as palavras
As pessoas e o tempo
Música suportando a saudade
De onde partir pra onde devo chegar
Um corredor cheiro de cidades imóveis
Que me vêem passar
Castelos Brancos, nuvens, tempo,
Tapetes, horas, andarilhos
Pianos, primaveras, campos e poeira;
Corredores, reis e rainhas
Infância, palavras, saudade,
Quilômetros jardins e imensidão