(Reginaldo Bessa )
As luzes da cidade, o ronco do automóvel
A pressa de viver a incompreensão
A gente caminhando pelos descaminhos
Com tanto desamor e tanta solidão
Abraço minha nega e minha viola
E faço um samba triste sem explicação
Só cantar, eu canto para não chorar
Eu olho pro meu filho e fico matutando
Porque botei no mundo sem lhe perguntar
Eu chego na janela e sinto um arrepio
No dia de amanhã a vida o que será
Acendo meu cigarro e olho pra fumaça
Existe tanta coisa que nem sei falar
Só cantar, eu canto para não chorar
Eu saio procurando uma palavra amiga
Encontro mais perguntas do que solução
Descubro que a tristeza é uma coisa antiga
Que sou mais um sozinho nessa multidão
E solto o pensamento como um passarinho
Atrás de uma alegria, de uma inspiração
Só cantar, eu canto para não chorar
Às vezes compreendo que não vale nada
Ter dentro da cabeça tanta confusão
Invento um modo novo de levar a vida
Eu paro de sonhar e ponho os pés no chão
Mas no fim de semana eu esqueço tudo
Com samba, futebol, cerveja e violão
Só cantar, eu canto para não chorar