(Nando Freitas)
A gente se esconde no mato na casa d’um conde qualquer
A gente não quer saber nem de parente, a gente não pode escolher
Há algum lugar que nos lembre e apresente de modo decente
Mas não qualquer ombro doente, a gente não quer um escombro pra ter
A gente se esconde na sombra da gente de pé
A gente que morre de sede e o sol, só pintura em parede
A gente não tem qualquer vaga mente que uma gente vazia não tem
E tudo que a gente tiver que a gente consome, consome
E some nos restos, nas latas de lixo junto às baratas
E outros tão bichos quanto a gente têm
Quando a gente desse seco povo
Pobre-velho ou rico-novo
Joga ovos na gente e a gente não quer
A gente só quer um cochilo, estilo de vida não é pra nós não
A gente quer subir na vida pra poder dormir no chão
E seguir com a nossa vida sem tapar buraco na rua
Sem sentir no dia o tremor da luz crua que na nossa cova
É uma lua quase sempre nova