Na subida do morro

(Moreira da Silva e Ribeiro Cunha)

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 A 
Na subida do morro, me contaram
  A         E7          A   
Que você bateu na minha nega
              A7
Isto não é direito
                          D
Bater numa mulher que não é sua
                   D
Deixou a nega quase crua
            Dm
No meio da rua
                          A  
A nega quase que virou presunto
                         A
Eu não gostei daquele assunto
                Bm
Hoje venho resolvido
                        E7          A  
Vou lhe mandar para a cidade de pé junto
                        A
Vou lhe tornar em um defunto
           Db7                           Gbm  
Você mesmo sabe que já fui um malandro malvado
                   Gbm
Somente estou regenerado
            Gb7
Cheio de malícia
                             Bm
Dei trabalho à polícia pra cachorro
                     Bm
Dei até no dono do morro
             Bm           Db7                   Gbm 
Mas nunca abusei de uma mulher que fosse de um amigo
                    Gbm
Agora me zanguei consigo breque
             Bm
Hoje venho animado
                     E7
A lhe deixar todo cortado
                  A  
Vou dar-lhe um castigo
Meto-lhe o aço no abdome e tiro fora o seu umbigo
 
Aí meti-lhe o aço, hum! Quando ele ia caindo disse: Moringueira você me feriu!
Eu então disse-lhe: É claro, você me desrespeitou, mexeu com a minha
nega. Você sabe quem em casa de vagabundo malandro não pede emprego.
Como é que você vem com xavecada, está armado; eu quero é ver gordura 
que a banha está cara. Aí meti a mão lá na duana, na peixeira, é porque eu sou de Per-
nambuco, cidade pequena, porém decente, peguei o Vargolino pelo abdome, des-
ci pelo duodeno, vesícula biliar e fiz-lhe uma tubagem; ele caiu, bum, todo nsan-
guentado; E as senhoras como sempre nervosas: Meu Deus esse homem morre,
moço. Coitado olha aí está se esvaindo em sangue; Ora minha senhora, dê-lhe óleo 
canforado, penicilina, estreptomicina crebiosa, engrazida e até vacina Salk;
Mas o homem já estava frio; Agora o malandro que é malandro não denuncia o
outro, espera para tirar a forra. Então diz o malandro:

              Db7                                  Gbm 
Vocês não se afobem que o homem desta vez não vai morrer
                        Gbm
Se ele voltar dou pra valer
              Gb7
Vocês botem terra nesse sangue
                     Bm
Não é guerra, é brincadeira
                      Bm
Vou desguiando na carreira  breque 
               Bm
A jungusta já vem
          Db7                    Gbm  
E vocês digam que eu estou me aprontando
                       A
Enquanto eu vou me desguiando
                 Bm
Vocês vão ao distrito
    E7               A
Ao delerusca, se desculpando:
                    E7
Foi um malandro apaixonado
                   A
Que acabou se suicidando