(Carlos Melo)
(Acho que foi num dia de São João Batista que conheci Deusdéti
Nesse tempo eu já era Marquexista e ela ainda ia em discoteque
Tentei de tudo, até lavagem cerebrár, meu saco tá que não guenta
Mas nem o Pinochet é tão radicar.Êta muiézinha lazarenta
Igual Deudéti, juro por Deus, não existe
A marvada só lê Capricho e livro da Agatha Christie
Além do mais é metida a grã-fina, adora homem com
Fedor de gasolina que sina, que sina,
Em veis de ela estudá os pobrema da guerrilha urbana
só quer saber de escuitar música americana estrambólica
Também, a mãe é da liga das Senhoras Católicas
E o bode véio do pai é da Opus Dei
Não sei, não sei
Como é que eu vou sair dessa enrascada?
Só se eu pegar o pai e mãe da danada e fazer papér de fachistão:
vendar os óios e carcá fogo num paredão
Só que eu tô ficando cheio de fole, virando um caboclo de coração mole
No lugar de apoiar a luta armada, fico fazendo verso pra namorada
Mas pra encurtar o caso, que nóis aqui temo prauzo prá terminar vamo cantar.)
Se o nosso amor for logo, logo pras cucuia
A curpa é tua Deudéti
Enquanto eu falo o tempo todo em Che Guevara
Ocê freqüenta o "Tamatete"
Se o meu partido desconfiar qu'eu te namoro, virge, porca miséria
Vamo passar toda nossa Lua-de-Mel quebrando gelo na Sibéria
Não pude, não pude
Não pude ir jantar com você no Maquesude
Ocê só pensa em champanhe, caviar e noutros produtos chiques
Esquece sempre que o seu futuro noivo é do Partido Bolchevique
Tem certos dias que me dá um nó na garganta
Daqueles bem morfético
Porque você rejeita o materialismo dialético
Não pude, não pude
Não pude ir jantar com você no Maquesude