(Boris Vian e Alain Goraguer - versão de Letícia Coura)
Vendi frutas e flores
Mas não funcionou
Vendi cinto e gravata
A coisa apertou
Vendi duas tesouras
E lâminas de barbear
Pentes de marfim
Tábuas de picar
Tentei até os morangos
Experimentei jasmins
Reempalhei cadeiras
Conservei jardins
Puxava minha carroça
Pela contra-mão
Quase perdi a cabeça
Mas achei a solução
Rodo de Cadillac
Pelas ruas de Paris
Desde que compreendi a vida
J'ai un petit hotel,
Três empregados e um chauffer
E os guardas me saluent
Comme un des leurs
Eu vendo canhões
Pequenos e grandões
Redondos e chatos caros e baratos
Tem sempre alguém que gosta
De instrumentos delicados
Eu sou marchand de canhões
Tragam seus filhos no meu mercado
Canhões à venda!!
Com o seu ferro-velho forjamos ces engins
Qui foutront la pagaille
Ontem hoje e amanhã
Isso dá trabalho aos trabalhadores
E cada um programa entrar numa boa grana
Pr'aumentar as finanças fabrica-se carniça
Consegue-se o seguro e o dinheiro na justiça
Mas nem tem importância
Pois se alguém crescer
Irá logo, em cadência
Por bem pouco morrer
Vendi muitos canhões pelas ruas da terra
Mas meu comércio deu certo demais
Fiz prosperarem todos os
Proprietários de cemitérios
Mas eu agora fiquei pra trás
Meus melhores clientes
Morreram de repente
E só pela vida
Eu vou sem medida
Por esquinas de ruas velhas
Le couer content e o pé ligeiro
Je danse la carmagnole
Não tem ninguém nesse puteiro
Canhões em liquidação!!!