Tuaregue e nagô

(Lenine e Bráulio Tavares)

É a festa dos negros coroados 
No batuque que abala o firmamento 
É a sombra dos séculos guardados 
É o rosto do girassol dos ventos

É a chuva, o roncar de cachoeiras
Na floresta onde o tempo toma impulso 
É a força que doma a terra inteira
As bandeiras de fogo do crepúsculo

Quando o grego cruzou Gibraltar
Onde o negro também navegou 
Beduíno saiu de Dacar 
E o Viking no mar se atirou 
Uma ilha no meio do mar
Era a rota do navegador 
Fortaleza, taberna e pomar 
Num país Tuaregue e Nagô

É o brilho dos trilhos que suportam 
O gemido de mil canaviais
Estandarte em veludo e pedrarias
Batuqueiro, coração dos carnavais 

É o frevo a jogar pernas e braços 
No alarido de um povo a se inventar
É o conjúrio de ritos e mistérios
É um vulto ancestral de além-mar

Quando o grego cruzou Gibraltar
Onde o negro também navegou 
Beduíno saiu de Dacar
E o Viking no mar se atirou
Era o porto pra quem procurava
O país onde o sol vai se por
E o seu povo no céu batizava 
As estrelas no sul do Equador