Lamartine de Azeredo
Babo - o Lalá -
nasceu no Rio de Janeiro em 08 de Março de 1904. Foi o mais versátil de todos os compositores do
começo do século. Começou a compor aos 14 anos - uma valsa. Quando foi para o Colégio
São Bento dedicou-se à músicas religiosas - depois foi a vez das operetas. Mas ficou
acabou ficando conhecido como o Rei do Carnaval, vencendo, por anos consecutivos, com suas
marchinhas divertidas - cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Linda
Morena, e A Marchinha do Grande Galo. Fez também a maioria dos hinos dos
grandes times brasileiros - sendo o primeiríssimo em seu coração o América.
Lalá era uma das pessoas mais bem humoradas e divertidas de sua época, não perdendo
nunca a chance de um trocadilho ou de uma piada. Em uma entrevista afirmou "Eu me
achava um colosso. Mas um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho
osso". Numa outra, o entrevistador pergunta qual era a maior aspiração dos
artistas do broadcasting, Lalá não vacila: "A aspiração varia de acordo
com o temperamento de cada um... Uns desejam ir ao céu... já que atuam no éter...
Outros evaporam-se nesse mesmo éter... Os pensamentos da classe são éter...
ó... gênios..." - valeu-lhe o título de O Pior Trocadilho de 1941. E aconteceu
também o caso dos correios: Lalá foi enviar um telegrama. O telegrafista bateu então o
lápis na mesa em morse para seu colega: "Magro, feio e de voz fina".
Lalá tirou o seu lápis e bateu: "Magro, feio, de voz fina e
ex-telegrafista"
Certa vez, recebeu de Boa Esperança, MG, uma carta apaixonada de uma certa Nair
Pimenta de Oliveira, pedindo fortografias para um álbum de recordações. Lalá mandou as
fotos e se correspondeu por um ano com a fã apaixonada, até que esta interrompeu as
cartas porque ia se casar. Convidado, tempos depois, para ir à Boa Esperança por um
dentista, Lalá se apressa para conhecer Nair - surpresa, não existia nenhuma Nair, quem
lhe escrevia era o próprio dentista, que colecionava fotos de celebridades, e viu essa
forma como a única de conseguir o queria. Lamartine, então compôs uma de suas mais
belas canções "Serra da Boa Esperança".
Não perdeu o humor nem no final da vida. Em 63, um repórter que fora ao Copacabana
para entrevistar Carlos Machado, aproveitou que Lamartine estava lá para também fazer
uma entrevista. Lalá perguntou se a reportagem sairia naquele dia, e o repórter disse
que não, naquele dia seria exibida uma entrevista com Tom Jobim, que chegara dos Estados
Unidos. Lalá: "Ah! Quer dizer que agora estou um tom abaixo?".
Faleceu em 16 de Junho do mesmo ano, no Rio de Janeiro.
Carô
Murgel
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