Alfredo José da Silva, o grande Johnny Alf, nasceu no Rio
de Janeiro RJ em 19 de Maio de 1929. Seu pai, cabo do Exercito, morreu em 1932 e a mãe
foi trabalhar na casa de uma família, que o criou e custeou seus estudos. Começou a
aprender piano clássico aos nove anos, com Geni Borges, amiga da família, logo
demonstrando interesse por compositores do cinema norte-americano, como George Gershwin e
Cole Porter. Pelos 14 anos, formou um conjunto com amigos em Vila Isabel, indo tocar nos
fins de semana na Praça Sete, do Andaraí. Cursou ate o segundo ano do Colégio Pedro II,
onde entrou em contato com o pessoal do Instituto Brasil-Estados Unidos, que o convidou
para participar de um grupo artístico.
Por sugestão de uma amiga norte-americana, adotou o pseudônimo de Johnny
Alf, quando de sua apresentação no programa de jazz de Paulo Santos, na Radio MEC
Trabalhou no escritório de contabilidade da Estrada de Ferro Leopoldina, onde aproveitava
os momentos livres no horário de serviço para escrever musica. Com o grupo do Instituto
Brasil-Estados Unidos fundou um clube para promoção e intercâmbio de musica brasileira
e norte-americana, que realizava sessões semanais para analisar orquestrações, solos
etc., alem de apresentar filmes, shows, concertos de jazz, entre outras
atividades.
Quando Dick Farney, já profissional e recém-chegado dos EUA, ingressou
no grupo em 1949, o clube passou a chamar-se Sinatra-Farney Fan Club, tendo entre seus
sócios Tom Jobim, Nora Ney e Luís Bonfá, entre outros, ainda principiantes. Na época,
tocava durante a noite no clube e pela manha assumia seu posto de cabo no Exercito.
Através de Dick Farney e Nora Ney foi contratado em 1952 como pianista da
recém-inaugurada Cantina do César, de propriedade do radialista e apresentador César de
Alencar, dando inicio a sua carreira profissional. Ali a atriz Mary Gonçalves, que tinha
sido Rainha do Radio em 1952 e ia lançar-se como cantora, escolheu três composições
suas, Estamos sós, O que é amar e Escuta para incluir no seu LP Convite
ao romance. Em seguida foi convidado para integrar como pianista o conjunto que o
violonista Fafá Lemos formou para tocar na boate Monte Carlo. Nessa época, a convite do
produtor Ramalho Neto, gravou na Sinter seu primeiro disco, um 78 rpm com musica
instrumental (piano, contrabaixo e violão) de influencia jazzística, com Falsete,
de sua autoria, e De cigarro em cigarro (de Luís Bonfá). Mais tarde, revezando-se
com o pianista Newton Mendonça, tocou na boate Mandarim, indo depois para o Clube da
Chave, boates Drink e Plaza. De seu repertório, duas composições começaram a se
destacar, Céu e mar e Rapaz de bem, esta escrita por volta de 1953 e
considerada, em termos melódicos e harmônicos, como musica revolucionaria e precursora
da bossa nova. Em 1955 foi para São Paulo SP, onde tocou na boate Baiuca e no bar Michel,
neste ultimo com os então iniciantes Paulinho Nogueira, Sabá e Luís Chaves. De passagem
pelo Rio de Janeiro, no mesmo ano gravou na Copacabana o primeiro 78 rpm importante de sua
carreira, com Rapaz de bem e O tempo e o vento, também de sua
autoria. Seis anos depois gravou na RCA seu primeiro LP, Rapaz de bem, que
incluía, entre outras, Ilusão à toa, que também se tornou um grande êxito.
Ainda em 1961, recebeu convite do compositor Chico Feitosa para tocar no Carnegie Hall, em
New York, EUA, mas não viajou, permanecendo em São Paulo. No ano seguinte, retornou ao
Rio de Janeiro, tocando no Bottles Bar, na mesma época em que ali atuavam o Tamba
Trio, Sérgio Mendes, Luís Carlos Vinhas e Silvia Teles. Formou também um conjunto com o
baixista Tião Neto e o baterista Edison Machado, apresentando-se no Little Club e Top
Club.
A partir de 1965 realizou varias apresentações no interior de São
Paulo. Foi também professor de musica do Conservatório Meireles, de São Paulo. Em 1967
participou do III FMPB, da TV Record, de São Paulo, com a musica Eu e a brisa,
interpretada pela cantora Márcia. A composição foi desclassificada nas eliminatórias,
convertendo-se porém, um mês depois, num dos maiores sucessos de sua carreira. A essa
musica seguiram-se Decisão e Garota da minha cidade, que representam o
estilo mais exteriorizado e desinibido de sua obra. Sua composição Rapaz de bem
foi gravada, no exterior, por Lalo Schifrin. Gravou ele próprio mais dois LPs, Ele e
Johnny Alf, na Parlophon, em 197l, e Nós, na Odeon, em 1974. O primeiro
incluía Decisão e Garota da minha cidade, além de Eh, mundo bom taí
e Anabela, ambas também de sua autoria. No segundo incluiu suas composições O
que é amar, Nós, Plenilúnio e o samba de Egberto Gismonti e Paulo César Pinheiro
Saudações.
Radicado em São Paulo, continua compondo e fazendo shows em casas
noturnas, alem de gravar ocasionalmente. Um de seus discos mais recentes, Olhos negros,
conta com participações de Chico Buarque, Roberto Menescal, Leny Andrade e outros, e
reúne sucessos antigos com composições novas como Olhos negros e Nossa festa.
Em janeiro de 1998, depois de sete anos sem gravar, apresentou-se no SESC Pompéia, São
Paulo, em A Rosa do Samba, show de lançamento do CD Noel Rosa Letra e
musica (selo Lumiar), que inclui sua nova composição Noel, Rosa do Samba (com
Paulo César Pinheiro).
Biografia:
Enciclopédia
da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha
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