Céu de lambris

(Iso Fischer e Gilvandro Filho)

Há quanto tempo que ela espera
Sei lá direito o quê
Seria alguma primavera
Como é que vou saber?

Olhando o céu pela janela
Caçando estrelas vãs
Guardou no peito a mais bela
Para vê-la nas manhãs

Existe perto uma campina
Sob um céu de lambris
Onde uma flor azul germina
Vivendo por um triz

Não há imagem que o espelho
Reflita sem querer
O verso é um manso evangelho
Cantado ao anoitecer

Uma ponta de esperança
Pairou no seu olhar
E uma alegria estranha dança
Sempre que ela cantar

Voou baixinho, em plena areia
Escorregou na luz
Estrela em forma de sereia
A refletir sonhos azuis

Existe perto uma campina
Sob um céu de lambris
Onde uma flor azul germina
Vivendo por um triz

Não há imagem que o espelho
Reflita sem querer
O verso é um manso evangelho
Cantado ao anoitecer

Há tanto tempo que ela ama
Sei lá direito quem
Enxerga o mundo da sua cama
E acha que encontrou um bem

Mas sempre que a noite acaba
Acorda sem saber
Se acontece ou se desaba
Seu sonho permanente de viver

Existe perto uma campina
Sob um céu de lambris
Onde uma flor azul germina
Vivendo por um triz

Não há imagem que o espelho
Reflita sem querer
O verso é um manso evangelho
Cantado ao anoitecer