Ninguém poderia imaginar que a acústica de uma panela pudesse educar
impecavelmente a voz de uma menina. Nem mesmo Vinícius de Moraes, que achava que a voz
doce dessa menina tinha se transformado em gritaria nos anos 70 imaginaria, então, que
ela se tornaria uma das maiores e melhores cantoras da MPB, como previra Caetano Veloso e
João Gilberto. Maria da Graça Costa Penna Burgos, musa do Tropicalismo,
nasceu em 26 de setembro de 1949 em Salvador, BA, e encantou o
país com contornos, visuais e vocais, passando tranqüilamente pela Bossa Nova, Rock,
Frevo, Baião, Samba e até mesmo pelo ritmo aventuresco da Jovem Guarda, tendo sempre o
cuidado de nos presentear suavemente com a delicadeza de sua voz com seu violão, ou ao
lado do piano de Tom Jobim. Ou ainda sem contar com a interpretação única de Caymmi.
Esse dom chamado "Voz", encontrado na infância dentro de uma panela, encanta
um sem número de compositores da MPB - que têm suas músicas enriquecidas, como
se tivessem composto em parceria com Gal.
Foi quase impossível, ao montar esse repositório - segurar a tentação de colocar
Gal Costa interpretando cada um dos compositores presentes - porque ela representa
soberanamente o que o mundo tenta compreender como a "Magia da MPB"...
Susana Gigo Ayres
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