Cadê o meu?

(Fernando Cavallieri)

Eles estão chegando,
paus e pedras na mão.
Bancos e magazines: Todo mundo no chão!
Vestem trapos rasgados, sujos panos,
com seus olhares turvos, fundos, insanos.

Cadê o meu? Cadê o meu?

Rádios, videocassetes, disc lasers,
motos e automóveis, clubes, lazer,
caviar e champagne, doces ceias,
Colts Quarenta e Cinco, sangue, veias...

Cadê o meu? Cadê o meu?

Madame, o seu vison, please!
Arigatô zapon, yeah!
My boy, your walk-man, please… Cadê?

Eles trazem a fome, trazem o horror.
Vão querer sua parte, “antes tarde”...
Teu whisky importado...Que porre, que bode!
“On the rocks”? Ou puro? Prá quem pode...

Cadê o meu? Cadê o meu?

Um charuto cubano, vodka polonesa,
status quo por um dia, sobremesa...
Louras oxigenadas, gozo, cama,
teu cigarro com filtro, grana, fama!

Patê de Foie Grãs?
Oui!
Lagosta e Camarão?
Oh...Yes!
Chateau Du Chevallier?
Oh! Good!
Madame, seu vison please!
Arigatô zapon yeah...
My boy, your walk-man,
please... Cadê?