"Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola, ponteio:
Meu canto não posso parar... não!"
Em Copacabana, o menino estudioso Edu começou pelo futebol e depois o acordeão.
Brigou muito pelo violão, pois seu pai, o compositor Fernando Lobo creditava este
instrumento aos boêmios e à vagabundagem musical. Venceu o artista brilhante com sua
música sofisticada e de bom gosto.
Com a parceria de Ruy Guerra, nos anos 60, cria a Canção da Terra, um canto
combativo, regionalista, que aprofunda a divisão da Bossa Nova em duas correntes, sendo a
outra a tradição de João Gilberto, do banquinho e do violão. Engrossada por Carlinhos
Lyra, a música vira uma arma de denúncia, de sons vigorosos e vozes fortes e agressivas.
Foi apresentado a Gianfrancesco Guarnieri, outro de seus grandes parceiros, e surge, em
1965, a peça Arena conta Zumbi, e mais tarde Mari Santa. Seguiram-se os
festivais, ecom Ponteio vence o III Festival da Record - a última das grandes canções
engajadas a vencer um festival (se não considerarmos, é claro, a vitória pelo público
de Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Vandré em 68).
Como tantos, Edu foi para os EUA no final dos anos 60, onde tem contato com um trabalho
sério, organizado e respeitado, ao contrário do acaso com que dizia compor aqui (se o
acaso nos deu Ponteio, viva o acaso!). Aprofundou seus estudos teóricos e tocou clássico
e erudito. Isso influenciou sobremaneira sua musicalidade e reafirmou sua postura de um
compositor consciente e extremamente profissional.
Edu, hoje, nos brinda com músicas nas parcerias de Tom e Chico - e ocupa seu lugar na
constelação de estrelas que rege nossa MPB.
Susana Gigo Ayres
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