(Ednardo)
Rainha preta do maracatu
Nesse teu rosto de falso negrume
Morre de gozo na renda do sol
No pano feito pelos fios d'água
Desse véu de noiva: bica do Ipú
Como uma princesa sertaneja e aflita
Num gosto vivo de suor e sal
Te entregarás em meus braços rijos
De sangue luz e de sabor letal
E eu um índio pronto para as flechas
Dos arcos tesos de uma caçada incerta
Monto no sopro do aracati
Tonto de espanto, de amor e cauim
Sou nau sem rumo
Em teu ardor imerso
E eu serei cego, como um violeiro cego
Que enxerga a vida sensitivamente
E tem na pele um olho mais agudo
Que o meu punhal de ponta
Em teu corpo quente