Daniela Mercury foi o primeiro fenômeno baiano a estourar
em todo o Brasil. Branca, bonita, talentosa e com swing, era o perfil perfeito para abrir
as portas de um mercado fonográfico extremamente competitivo e controlado. Ela é cria da
noite. Durante muito tempo era possível vê-la cantando nos bares de Salvador. Nesta
época cantava o melhor da MPB tradicional e já tinha um público cativo e fiel.
Seu ingresso pelo axé foi somente uma continuação do
seu caminho musical. Era a oportunidade de juntar seus talentos como cantora com seus dons
de dançarina. Era a oportunidade de manter contato com um número muito maior de pessoas,
uma forma se misturar ainda mais com a alma baiana, de voar ainda mais alto. Surgia assim
uma estrela que trazia para o resto do Brasil a marca da energia baiana. Trazia uma
produção grandiosa, cuidadosamente preparada, com espaço para dançarinos, uma banda
grande e capacitada, uma equipe técnica de respeito... Talvez seja essa sua grande
participação no mundo dos shows. Montar um espetáculo onde outros sentidos além do da
audição sejam estimulados. Um show em que você vai para dançar, para cantar e
sobretudo, para ter o gosto de ver um trabalho muito bem acabado, muito bem dirigido. Hoje
já não está mais no topo das paradas de sucesso. O grande boom Daniela Mercury já
passou, mas não deixou de ser uma referência quando se fala de axé music. É um dos
maiores nomes da música baiana e por que não dizer,
nacional.
Nos últimos CDs gravados já se percebe uma necessidade de mostrar seu
trabalho como compositora e a influência dos outros ritmos na sua formação musical.
Não era nem cabível esperar que ficasse eternamente na mesma praia em que se firmou. A
necessidade de transmutar aqui também existe. Neste novo momento é necessário ter
paciência para ver onde este barco vai atracar.
Tatiana Rocha
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