(Bob Dylan e Jacques Levy - Versão: Miguel Paiva)
Grande tiroteio mortos na boite
E uma tal de Valentina viu do palco a cena
O balconista numa poça de sangue
Gritou: Oh! Meus Deus, mas que grande chacina
Essa é a história do Furacão
Que a justiça errou na decisão
Por algo que ele nunca fez
E na prisão espera a vez de ser um grande campeão
E no meio desta noite lá pros lados do mercado
Ruy Pancada circulava com dois caras da pesada
Ele uma promessa de ser grande boxeur
Não tinha idéia da grande merda que estava pra pintar
Quando um tira fez sinal pra encostar
Como é comum e comum sempre será
Naquela zona as coisas são assim
Se você é negro é melhor não se mostrar saindo por aí
Muito menos discutir
Alfredo Belo tinha um sócio com uma ficha premiada
Ele e Aldo "Dedos" Barros estavam lá se divertindo
Eu vi três caras correndo
Os três de estatura mediana
Pularam pra dentro de um carro cupê do tipo bacana
Pra Valentina foi assim que ocorreu
Disse o tira: "Dá um tempo. Esse aqui não morreu!"
Então levaram o cara pro hospital
E apesar de estar na reta final
Fizeram ele jurar que do culpado ele ia se lembrar
No meio da noite trouxeram o Ruy
Adentro pelo hospital
Subindo degrau por degrau
E o cara ferido olhou pelo olho que sobrou
E disse: "Quem é esse daí? Não foi ele quem matou!"
Essa é a história do Furacão
Que a justiça errou na decisão
Por algo que ele nunca fez
E na prisão espera a vez de ser um grande campeão
O tempo fez o subúrbio ferver
O Ruy foi viajar
Seu boxer defender
Enquanto o Aldo "Dedos" Barros continuava roubando
E os tiras caçando alguém pra culpar
Lembra do crime que pintou no bar
Lembra que você viu aquele carro escapar
Você tá pensando que vai nos enrolar
Veja bem eu vou lhe ser franco
Lembra que você é um branco
Depois que "Dedos" Barros disse "Não estou muito certo"
O tira disse "OK"!!! Rapaz esperto
Vamos atrás do outro o tal do Alfredo Belo
Se ele não quiser voltar pra cana ele vai soltar o lero, é claro
Vocês estão fazendo um bem pra sociedade
Aquele escroto continua em liberdade
Eu quero ver ele de molho
Com dois mil anos de pena... pra descontar
Não vamos vacilar
Armaram uma cilda pensando em cada lance
Montaram um grande circo e o juri não deu chance
Um juiz tão respeitável não deixou que Ruy falasse
Pros brancos e jurados era um sujo subversivo
Desse jeito se destrói uma vida
Nas mãos de quem só alimenta a ferida
Levar a vida por um triz
E ser comido pelo fogo
Vivendo num país aonde a vida é um mero jogo
E os criminosos de terno e gravata
Curtindo a boa vida de boca na mamata
Deixaram um inocente apodrecer na cela
E o frio trazer a noite que gela
Essa é a história do Furacão
Que a justiça errou na decisão
Por algo que ele nunca fez
E na prisão espera a vez de ser um grande campeão