(Theo Solnik, Camila Mota e Celso Sim [letra: adaptação livre de Os Sertões, de Euclides da Cunha])
A flora agressiva abre ao sertanejo
Um seio carinhoso, amigo, benfazejo
Na terra quente todos os recantos se abrem
Imenso lar sem-teto node todos cabem
árvores, minhas velhas companheiras festivas
abraço-as cercado de relações antigas
conheço-as todas, juntos nascemos, morremos
irmamente nas dificuldades crescemos
lutando nas mesmas agruras, cansaços
sócios dos mesmos dias remansados
sombra escassa dessas derradeiras folhas
dá, desaltera, abranda-me umbu, me acolha
araticum, ouricuri virente, mari elegante
quixaba de frutos pequeninos a fartura garante
palmatórias, mandacarus talhados
folhas de juá sustentam o cavalo
juás que dão ao rancho provisório cobertura
caroás que fazem cordas resistentes armaduras
se preciso a despeito da noite avançar
o olhar afogado no escuro caminhar
lobrigar a fosforescência azulada das cunanãs
como lâmpadas grinaldas fantásticas terçãs
acendo um ramo de condombá
agito pelas veredas pra iluminar
espanto as deslumbradas suçuaranas
com o archote fulgurante, caninanas
pletora da natureza proteja-me sertanejo
talha-me como Anteu num indomável lampejo
deflora a marcha dos exércitos assombrados
fazendo-me um Titã bronzeado