Angenor de Oliveira
nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908. Ganhou seu apelido de Cartola quando, como pedreiro,
resolveu usar um chapéu coco para que o cimento não grudasse em seus cabelos. Seus
colegas não resistiram a gozação e lhe deram o apelido.
Cartola é a prova da
natureza surpreendente do verdadeiro talento. Fez somente o primário e jamais conseguiu
se integrar à estrutura de trabalho. Trabalhou sempre com bicos, como pedreiro, pintor de
paredes, lavador de carros, vigia de prédios e contínuo de repartição pública. Mas
seu dom fez dele o maior sambista carioca de todos os tempos, com letras impecáveis e
batidas deliciosas.
Na década de 20, quando os blocos de carnaval resolveram se organizar em sociedades
permanentes, Ismael Silva e o pessoal do Estácio criaram uma associação que se
autodenominava Escola de Samba, a Deixa Falar. Cartola, então, juntou o pessoal da
Mangueira, escolheu o nome Estação Primeira de Mangueira, adotou as cores verde e rosa e
também criou sua escola. Nascia assim o maior fenômeno do carnaval carioca. Em seu
primeiro desfile na Praça Onze, com o samba enredo de Cartola, Chega de Demanda, a
Mangueira ganhava também o primeiro prêmio do carnaval.
Apesar do sucesso de seus sambas,
Cartola morreu pobre, morando numa casa doada pela prefeitura do Rio de
Janeiro, em 30 de novembro de 1980.
Carô Murgel
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