Belém do Pará é um dos grandes celeiros de talentos da música popular brasileira e foi aí que, em 8 de maio de 1924, nasceu William Blanco de Abrunhosa Trindade, destinado pelo pai a tocar violino e a ser arquiteto. Nem uma, nem outra, nem outra. William virou Billy, o violino tornou-se violão e, em vez de criar na prancheta de arquitetura, virou compositor no caderno de pauta musical. É verdade que terminou o curso (iniciado no Mackenzie, em São Paulo) na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil, mas tornou-se famoso mesmo como Billy Blanco, compositor de um sem-número de sucessos, feitos e criados dentro de um estilo cheio de personalidade e facilmente reconhecível aos primeiros acordes.
Em 1946, quando chegou ao Mackenzie, imediatamente participou da mais famosa competição esportiva estudantil da época, a Mac-Med, contra os acadêmicos da Faculdade de Medicina. Sua modalidade? Microfone e violão no show de abertura. Transferindo-se para o Rio em 1948, já tinha sambas conhecidos como Rotina, Prece de Um Sambista, Samba de Morro, o que lhe facilitou contatos com compositores cariocas.
Enturmou-se com Dolores Duran, a pianista Carolina Cardoso de Menezes e, em 1951, Os Anjos do Inferno gravaram seu samba Pra Variar. O primeiro grande sucesso foi Estatuto de Gafieira, lançado por Inezita Barroso, antecedendo sua parceria com Tom Jobim, da qual resultou uma das maiores vendagens das carreiras de Dick Farney e Lúcio Alves, cantando em dupla, o clássico Tereza da Praia.
Sua facilidade para música descritiva e para a crítica social reservaram-lhe um nicho próprio na MPB, como atestam suas Sinfonia do Rio de Janeiro, Sinfonia Paulista, trilhas sonoras para vários filmes e composições imorredouras como A Banca do Distinto, Compromisso com a Saudade, Feiúra Não É Nada, Hino ao Sol, Mocinho Bonito, O Morro,
Piston de Gafieira, Samba Triste, Viva Meu Samba, Camelô, entre centenas de outras, interpretadas por todos os grandes cantores brasileiros, embora se diga que Billy sempre teve preferência por ouvir seus sambas na voz perfeita de Paulo Marquês.
Arley Pereira
A História da Música Brasileira Por Seus Autores e Intérpretes
SESC/TV Cultura
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