Assis Valente nasceu em
19 de março de 1911, em Santo Amaro, BA. Teve, desde criança, uma vida bastante conturbada. Até os
10 anos foi roubado dos pais, trabalhando em regime de semi-escravidão em casa de família
e se tornado ajudante de farmácia. A família que o fez trabalhar também o fez estudar
durante a noite - e Assis se tornou, aos dez anos, um discursista de primeira qualidade,
além de declamador (adorava Guerra Junqueiro e Castro Alves).
Aos 10 anos foi
trabalhar em um circo, como declamador e comediante - mas isso logo deixou Assis cansado.
Foi para o Rio exercer a função de protético (suas dentadura ficaram famosas - Lamartine
Babo costumava chamá-lo de "O Pivô do Samba"). Gozador, sua primeira música e
sucesso é Tem Francesa no Morro, gravada por Araci Côrtes (Done muá si vu
plé lonér de dancê aveque muá...).
Assis compunha sempre já pensando na pessoa que cantaria seu samba. Quando conheceu
Carmem Miranda ficou boquiaberto com a cantora. Tentou se aproximar tendo aulas de violão
com um homem que julgava ser o pai adotivo da cantora. Engano. Decidiu então compor um
samba em exaltação à Bahia. Carmem gostou e gravou. Para o outro lado do disco, Assis
compôs a famosa Good Bye, Boy.
O sucesso na voz de Carmem Miranda foi estrondoso, e Assis seguiu compondo para ela: Camisa
Listada, Uva de Caminhão, Minha Embaixada Chegou, ...E o Mundo não se Acabou. Uma
produção grande e impecável. Quando Carmem foi para os EUA, Assis se sentiu abandonado
- mas já era bastante procurado por outros cantores, que adoravam suas músicas.
Quando soube que Carmem viria ao Brasil, Assis correu para compor duas músicas para
ela: Recenseamento e Brasil Pandeiro. Carmem gravou a primeira e disse,
sobre a segunda: "Assis, isso não presta. Você ficou borocoxô". Isso
magoou profundamente o compositor, por saber que a música era de boa qualidade - e por
ver o sucesso que fez posteriormente nas vozes dos Anjos do Inferno.
E foi a tristeza que fez com que ele tentasse o suicídio duas vezes, morrendo
finalmente na terceira tentativa. Eram 6:00 da tarde de 6 de março de 1958.
Carô Murgel
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