Abelim Maria da Cunha, verdadeiro nome de Ângela
Maria, nasceu em Macaé, RJ, em 13 de maio de 1928. Filha de pastor protestante, passou a
infância nas cidades fluminenses de Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti, e
desde menina cantava em coro de igrejas. Foi operária tecelã, mas sonhava com o radio,
embora a família por princípios religiosos fosse contra a carreira
artística. Por volta de 1947, começou a freqüentar programas de calouros. Apresentou-se
no Pescando Estrelas, de Arnaldo Amaral, na Radio Clube do Brasil (hoje Mundial), na Hora
do Pato, de Jorge Curi, na Radio Nacional, e no programa de calouros de Ari Barroso, na
Rádio Tupi. Usando o nome de Ângela Maria, para não ser descoberta pela família,
participou também do Trem da Alegria, dirigido pelo "Trio de Osso" (os
magérrimos Lamartine Babo, Iara Sales e Heber de Bôscoli), na Radio Nacional. Logo sua
voz foi se tornando conhecida dos ouvintes, o que dificultou sua participação nesses
programas, pois ela estava deixando de ser caloura. Nessa época, era inspetora de
lâmpadas numa fabrica da General Eletric e, decidindo tentar realmente a carreira de
cantora, abandonou a família e foi morar com uma irmã no subúrbio de Bonsucesso. Em
1948 conseguiu lançar-se como crooner no Dancing Avenida. Em sua noite de estreia,
cantou Olhos verdes (Herivelto Martins e Benedito Lacerda). No dancing, foi
ouvida pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho, que a apresentaram a
Gilberto Martins, diretor da Radio Mayrink Veiga. Feito o teste, começou carreira na
emissora, interpretando musicas de Othon Russo e Ciro Monteiro, compositores que a
ajudaram a criar um repertório pessoal, abandonando a influência de Dalva de Oliveira.
Firmando-se a partir de 1950 como intérprete, em 1951 estreou em disco com Sou feliz
(Augusto Mesquita e Ari Monteiro) e Quando alguém vai embora (Ciro Monteiro e Dias
Cruz), na Victor. No ano seguinte, sua gravação do samba Não tenho você (Paulo
Marques e Ari Monteiro) bateu recordes de venda, marcando o primeiro grande sucesso de sua
carreira. Durante a década de 1950, atuou intensamente no rádio, apresentando-se na
Radio Nacional, nos programas de César de Alencar e Manuel Barcelos, e na Rádio Mayrink
Veiga, como a estrela de A Princesa Canta, nome derivado de seu titulo de Princesa do
Radio, um dos muitos que recebeu em sua carreira. Em 1954, em concurso popular, tornou-se
a Rainha do Radio, e no mesmo ano estreou no cinema, participando do filme Rua sem sol,
de Alex Viany. Apelidada Sapoti pelo presidente Getúlio Vargas, tornou-se a cantora mais
popular do Brasil durante a década de 1950, alcançando os maiores êxitos com os
sambas-canções Fósforo queimado (Paulo Marques, Milton Legey e Roberto Lamego),
Vida de bailarina (Américo Seixas e Chocolate), Orgulho (Valdir Rocha e Nelson
Wederkind), Ave Maria no morro (Herivelto Martins) e Lábios de mel (João
Vilaça Júnior e Nage), alem da canção afro-cubana Babalu (Margarita Lecuona).
Voltando a gravar na RCA Victor em fins da década de 1950, em 1963 viajou para Portugal e
África, cantando para soldados portugueses que então lutavam nas colônias. Um de seus
grandes êxitos na segunda metade da década de 1960 foi a canção Gente humilde
(Garoto, Chico Buarque e Vinícius de Moraes). Em 1975, com 25 anos de uma carreira de
muitos sucessos, preferia apresentar-se em clubes do interior ou em churrascarias das
grandes cidades, ambientes onde, ao contrario da televisão e das boates sofisticadas,
sentia mais de perto a reação do povo. Em 1979, com João da Baiana, participou do
documentário Maxixe, a dança perdida, de Alex Viany. Em 1982 foi lançado o LP
Odeon com Ângela Maria e Cauby Peixoto, primeiro encontro em disco dos dois
intérpretes. Em 1992 apresentou-se com Cauby no show Canta Brasil, com grande
sucesso de publico, sendo lançado em disco Ângela e Cauby ao vivo (RCA/BMG,
1992).
Considerada, ao lado de Elis Regina, uma das mais puras vozes da musica
popular brasileira, continua a apresentar-se em espetáculos e em televisão.
Biografia:
Enciclopédia
da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha
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