Quando o fenômeno chamado Adriana Calcanhoto surgiu no cenário da MPB,
no final dos anos 80, foi saudada como a nova Elis Regina. Gaúcha como Elis, Adriana
nasceu em Porto Alegre em 03 de outubro de 1965. Começou como cantora da noite, e foi descoberta cantando em uma churrascaria.
De forma
bem diferente da Singapura (música de Eduardo Dusek, que conta a história de uma
cantora decadente que termina seus dias em uma churrascaria), a churrascaria foi o início
do sucesso. Quem já cantou na noite sabe o que acontece quando se está num palco -
chovem os pedidos de músicas que os clientes querem ouvir. E nem sempre esses pedidos
batem com o gosto do cantor...
Foi então que Adriana começou sua revolução: vestiu as músicas bregas que lhe
solicitavam com uma roupagem peculiar, provando que é possível, através da
interpretação, mudar todo o contexto em que uma música foi inserida por seu compositor
- é claro que o contrário também ocorre, mas não aqui.
A melhor ilustração do que Adriana foi capaz como intérprete é a música Caminhoneiro,
de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, reproduzida neste repositório.
Com seu trabalho, Adriana consolidou-se como uma das maiores intérpretes da
atualidade, e também como uma compositora cuidadosa, brincando com palavras como brinca
com seu público. Adriana saudou Elis, mas preferiu ser ela mesma.
Carô Murgel
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