Hilda Hilst


Em 1984, Massao Ohno, um dos poucos editores brasileiros fiéis à poesia, reuniu cinco livros de Hilda Hilst em um "pacote" literário que mais do que tudo comemora três décadas de criação. Paulista de Jaú, é neta de um imigrante da Alsácia-Lorena, por parte de pai, e descendente direta de portugueses pela mãe. Foi educada em colégio de freiras, como mandava o bom-tom da época e terminou na Faculdade de Direito na capital. A mãe, uma mulher forte, lhe incutiu a idéia da profissionalização, mas Hilda nunca deu para advogada. Ficou em São Paulo até 1965, quando se retirou para um sítio no interior do estado. Já na virada da década de 40 para a década de 50 se encontrava ela às voltas com a poesia. Lygia Fagundes Telles conta, em um texto de 1971 (publicado no Estado), que Hilda se apresentou no Verão de 1950, na antiga sala de chá do Mappin: "sou poeta." Ao que Guilherme de Almeida observou: "a palavra poetisa deve estar meio desmoralizada. Quando a poetisa é mesmo séria, se diz poeta. Poetisa virou declamadora." De lá para cá, Hilda Hilst provou, com sua obra e sua determinação artística, que não foi apenas pretensão de jovem a que a levou a apresentar como poeta. Assim também, mais tarde, quando se apresentaria como dramaturga e ficcionista.

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Hilda Hilst está preparando um novo livro de ficção, expressão que ela considera seu maior avanço dentro da literatura brasileira. Sua narrativa, que capta estados internos das personagens, se movimenta em um dinâmico fluxo de consciência. Embora seu olhar o mundo se projete para além das circunstâncias históricas e geográficas, a ficcionista move os tipos no âmbito da cultura brasileira e, sobretudo, da compreensão profunda da língua portuguesa e dos falares mestiços.


Poesias...


Biografia extraída do livro A Posse da Terra. Escritor Brasileiro Hoje, de Cremilda de Araújo Medina, da Imprensa Nacional e Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.