O
monstro
(Luiz Tatit)
Era um monstro filho de uma monstra, desses grandes
Deformado mas até que bonitinho como monstro
É que pra gente, pra gente os padrões são outros
Tinha muito pêlo pelo corpo,
umas manchas esverdeadas
Uns caroços, uns buracos
Mas também o que você pode esperar de um monstro
Muita sensibilidade, isso que importa
Criativo, um devorador de livros de estória
Não gostava de princesa, achava todas horrorosas
Em compensação com os monstros, como se identificava
Então sua mãe selecionava: monstro pra cá, princesa pra lá
E ele achava uma beleza as estórias só de monstros
Mas se pintava uma princesa: - "Ai mamãe que medo!
Tire essa princesa.
Ela deve ter um dente, mãe! Tira!"
Vocês vêem que é um monstro tipo mariquinhas pelo jeito
Mas na verdade é a super proteção da mamãe monstra
É que no fundo, no fundo ele bem que gosta:- "Ai mamãe..."
Que medo!
Tire essa princesa.
Ela deve ter um dente, mãe! Tira!"
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