Sem destino

(Luiz Tatit)

Tudo que era o meu destino
Na verdade nunca me aconteceu
Pode ter acontecido
Pra alguma pessoa
Mas não era eu
Vivo assim na vida sem previsão
Todo mundo tem destino, eu não
Nunca os fatos são de fato fatais
Não confio na fortuna jamais
Puro por acaso e nada mais

Tudo que já estava escrito
No meu caso nunca se concretizou
Só talvez o aniversário
Que é na mesma data
E não se alterou
Era pra eu já ter encontrado um amor
Era pra eu já ter esquecido o anterior
Era pra eu já ter aprendido a sonhar
Era pra eu correr o mundo e voltar
Mas viagem sem destino, não dá

Quero minha sina
Quero minha sorte
Quero meu destino
Quero ter um norte
Quero ouvir uma vidente
Que me conte tudo
Só esconda a morte
Quero uma certeza mínima
Que se confirme
Que não seja trote
Por não ter o meu destino
Vivo em desatino
Como D. Quixote

Quem não tem o seu destino
Chega a noite
Pensa que tudo acabou
Se levanta muito cedo
Nunca sabe bem
Por que que levantou
Nada tem urgência para cumprir
Pode virar do outro lado e dormir
Pode ficar nessa até o entardecer
Todos os amigos vão entender
Levantar sem ter destino
Pra quê?

Ser assim tão sem destino
Me preocupa muito
Me deixa infeliz
Sempre quis o meu destino
Foi o meu destino
Que nunca me quis
Mesmo algum sucesso que ele previu
Era pra me revelar, desistiu
Acho que ele foi atrás de outro alguém
Pois destino tem destino também
E só revela aquilo que lhe convém


voz e violão: Luiz Tatit
violão: Jonas Tatit
guitarra ebow, voz, piano, harp, sanfona e juno 1: Marcelo Jeneci
bateria: Sérgio Reze