Lucina apresenta-se em BH
Tradicionalmente formada por um time de compositoras e cantoras, a história recente
da música popular brasileira tem relativamente poucas compositoras trabalhando a dicção
feminina.
Se a mulher está cada vez mais presente na literatura e na poesia, na música ela ainda é excessão.
Ao lado de Luli, parceira por 25 anos por versos e notas, Lucina é uma das mais talentosas e
perseverantes autoras a desafiar modismos, tendências e armações da indústria fonográfica.
A cantora e instrumentista, está hoje em BH para o lançamento de seu disco Inteira pra mim, no Arrumação.
Tendo em Ney Matogrosso seu mais fiel intérprete, a dupla Luli & Lucin(h)a criou um estilo próprio de
composições envolventes, com letras de imagens surpreendentes e uma leveza melódica constante. Seus discos
independentes traziam uma música onde a percussão de tambores e os violões onipresentes eram os maiores
responsáveis por uma dicção instrumental original.
Nos últimos anos, Lucina ampliou as parceirias e, principalmente a partir do encontro com Zélia Duncan, seu
trabalho foi ficando mais urbano, urgente, cotidiano. O primeiro exemplo solitário desta nova fase está em
Inteira pra mim(Dabliú). Produzido por Patrícia Ferraz, com direção musical de Ney Marques, o disco reafirma
a dobradinha com Zélia Duncan como a mais frutífera. Além de Coração na Boca, já gravada pela parceira com
sucesso, ela é responsável pela poética faixa título ("que a metade que me falta seja inteira pra mim") e
pela bem humorada "Lar Lunar", sobre um personagem que vai morar na lua e manda (boas) lembranças, além da
lírica e confortável "Familiar".
Mas Lucina não abandonou a companheira histórica. Fez com Luli a delicada Gènéve, cheio de brincadeiras
com palavras em inglês, francês e portugues, o fluente "Choro de Viagem" e a desconcertante "A Onda",
que parece feita para Fafá de Belém de antes das lambadas.
Nas outras faixas variou de parceiros como Sérgio Crusco, na música "Melhor Assim".
Estado de Minas- DEZ/1998