Dedicado à
pesquisa e composição de músicas regionais – mais especificamente a
caipira – Cláudio Lacerda é um dos talentos mais promissores no gênero.
Descende de uma linhagem de músicos que já produziu nomes hoje
reconhecidos como Renato Teixeira, Almir Sater, Paulo Simões e outros.
Formado em zootecnia, Cláudio passou vários anos dividido entre a
carreira de zootecnista e a vida artística. Em 2000, decidiu dedicar-se
apenas à arte, mas sem se afastar das referências rurais. Descendente de
mineiros, sempre esteve ligado, por influência familiar, à música
regional, elo reforçado no período em que realizou sua graduação, em
Botucatu, SP, conhecida como um dos berços da música caipira paulista
(de lá saíram Raul Torres, Angelino de Oliveira e Serrinha).
Em 2002, integrou a Orquestra Paulistana de Viola Caipira, participando
como vocalista do CD lançado pelo grupo naquele ano. A carreira solo se
efetivou com o CD “Alma Lavada”, produção independente lançada pelo selo
Carambola em 2003 e distribuído pela Tratore, cujo lançamento se deu no
Theatro São Pedro, na cidade de São Paulo. Em 2004, Cláudio vence em
primeiro lugar, o I Prêmio Nacional de Excelência da Viola Caipira, na
categoria de melhor intérprete – iniciativa da Revista Viola Caipira, de
Belo Horizonte / MG. Neste mesmo ano, realiza uma série de quatro shows
no Teatro Crowne Plaza, em São Paulo, com as participações especiais de
Paulo Simões, Alzira e Tetê Espíndola, Miriam Mirah e Zé Paulo Medeiros.
Em 2005, participa do projeto “Prata da Casa” e do “Amostra Prata da
Casa”, com os melhores do semestre, promovido pelo Sesc Pompéia em São
Paulo. Ainda em 2005 estréia o show “Alma Caipira”, que presta homenagem
aos grandes compositores do gênero, recebendo elogios do jornalista e
crítico musical Lauro Lisboa Garcia, em matéria publicada no jornal O
Estado de São Paulo. O “Alma Caipira” foi o show disparador de um
projeto maior, que resultará na pesquisa e edição de um livro-almanaque
contando a história da música caipira e um DVD de entrevistas com
aqueles que a fizeram. Para esse projeto Cláudio conta com a parceria do
escritor, pesquisador e jornalista Luís André do Prado, autor de
“Cacilda Becker – Fúria Santa”.
DISCOGRAFIA
CD “Alma Lavada”
2004 |
Com
a direção musical de Sérgio Turcão, o CD “Alma Lavada” inclui
cinco composições de autoria do próprio Cláudio Lacerda (algumas
em parceria) e outras de autores consagrados como “Na Subida do
Balão”, dos pantaneiros Almir Sater e Paulo Simões, “Olhos
Profundos”, de Renato Teixeira, e ainda canções de Nilson
Ribeiro, Zé Paulo Medeiros e Juca Novaes. O repertório de “Alma
Lavada” mistura diversos ritmos regionais – guarânia, toada,
cururu e rasta-pé –, demonstrando a riqueza de influências que
Cláudio Lacerda somou em anos de trabalho e pesquisa sobre a
música de raiz. Essas influências vão de Renato e Almir aos
mineiros do Clube da Esquina, Boca Livre e, indo mais longe, à
música caipira de Tião Carreiro, João Pacífico, Tonico e Tinoco
e muitos outros. “Alma Lavada” conta com as participações
especiais de Renato Teixeira, em duas faixas, e da cantora
Miriam Mirah, fundadora do grupo Tarancón, e com uma
recomendação de peso na contra-capa: ”Violeiros e cantadores
desse povo brasileiro abram a roda, sobra espaço para um novo
companheiro”, Paulo Simões. |
CD “Alma Caipira”
2007 |
Neste CD Cláudio presta homenagem aos maiores compositores da
história do gênero. O CD antecipa e integra um trabalho maior, a
ser realizado com incentivo da Lei Rouanet, denominado História
da Música Caipira – que vai narrar, por meio de um documentário
em vídeo e um livro-almanaque, os causos de um gênero que está
no cerne da música popular e da própria cultura brasileira. Pra
principiar esse trabalho, nada mais apropriado que o CD em
homenagem aos mais valorosos compositores caipiras. Amode fazer
essa homenagem, campeamos de cada compositor uma canção de
estirpe, com preferência pras menos conhecidas. Também quisemos
amostrar os ritmos (cateretê, cururu, toada, guarânia etc.) e as
questan (religiosidade, romance, vida no campo, humor etc.) que
alumiam esse gênero de beleza bruta e legítima.
“Alma Caipira” contou com as participações de Tinoco, Pena
Branca, Alzira Espíndola, Cris Aflalo, Daniela Lasalvia, Kátya
Teixeira, Lula Barbosa, Oswaldinho Viana, Tetê Espíndola, Victor
Baptista e Zé Paulo Medeiros. |
OPINIÕES
“Na contramão das duplas que perseguem a fama fácil turvando as fontes
da música sertaneja, o cantor e compositor Cláudio Lacerda mergulha
fundo na raiz (...)”. “Cantor de belo timbre, presença marcante no palco
e compositor talentoso, (...) Cláudio tem um bom cartão de visitas: o CD
Alma Lavada, de 2004, já mostra o caminho das pedras que ele trilha
agora”.
Lauro Lisboa Garcia, crítico musical, em matéria publicada em
27/08/2005 no jornal O Estado de São Paulo.
“Desde da primeira vez que eu ouvi o disco, eu me apaixonei, não só pela
consistência dele como compositor, mas pela voz dele e a maneira como o
disco foi arranjado. A música regional, como todas as manifestações
populares, vai se renovando à medida que o tempo vai passando e novos
elementos vão sendo incorporados. O Cláudio é uma pessoa que assimilou
esses elementos e os incorporou na sua música de uma forma muito
inteligente, que faz com que a música não perca o toque regional, de
música de raiz, mas que aponte pra um caminho futuro, pra frente. Isso é
fundamental, porque senão a gente fica correndo atrás do próprio rabo.
Dessa leva de compositores mais jovens, eu acho que ele é um dos grandes
expoentes.”
Ivan Vilela, arranjador e violeiro.
“O Cláudio tem um grande talento, mas o mais importante é a identidade
dele com o que faz. A moçada nova é prova de saúde. A renovação é sempre
importante e fundamental, pois é ela que dá dinâmica na música”.
Renato Teixeira, compositor paulista.
“Quando uma pessoa é dotada de grande talento – e o Cláudio é um grande
instrumentista, compositor e intérprete – e tem uma maneira de ser que
contagia as pessoas, ela traz consigo um reforço inestimável para esse
segmento da música brasileira que, embora cresça sistematicamente e
tenha o carinho e atenção do público, tem infelizmente pouco espaço na
mídia. Pelo respeito, amplidão e bom gosto do repertório que escolheu,
buscando influências que não são aquelas bombardeadas pela mídia,
Cláudio Lacerda demonstra claramente ser um jovem atento, que procura
respostas sozinho sem se deixar conduzir”.
Paulo Simões, compositor sul mato-grossense.
“Cantadô que carrega no peito um coração brasileiro, voz que se entrega
à viola como a lua se entrega ao violeiro. Cláudio Lacerda,
companheirinho que conheci recentemente e me encantei com a
sensibilidade e pureza de quem canta com alma caipira”.
Chico Lobo, violeiro e cantador mineiro.
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