Diadorando

(Zé Modesto)

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tempo, inteiro de tantos dias,
contou-me num desses tantos
que a vida escolheu o sertão
escuro e frio do humano
e lá tratou de esconder
calor de intenso tutano
difícil de campear

garimpeio e o verbo em pena
vagou no vão das palavras
confins de terras, secume,
vazio intenso das almas
pro esteio dos Campos Gerais
ganhar no aprumar da vista:
paragens de terra plana

depois de tanta procura
no farto ralar dos calos
no pó passado das pernas
se ver, chegança de espera
nos pés o cerne do andante,
o ser e estar do trajeto

e o tempo velho então disse
que o que balança as carcaças
e torna o pulso pra os homens
é arte feita em palavra:

o que se chama poesia

que em todo canto tem fonte,
nascentes no mundo poucas
e nas Gerais deixa os versos
escorre melhor em prosa

– é o verbo pintado humano
em tons de Guimarães Rosa!